Uma das principais lideranças jovens em um partido que enfrenta dificuldades para renovar os seus quadros, a deputada federal Marília Arraes (PE), de 37 anos, deve deixar o PT nos próximos dias. A parlamentar pretende disputar o Senado em seu estado, mas enfrenta forte resistência em sua legenda.
O destino mais provável de Marília é o Solidariedade. O
partido pode tanto se manter na aliança encabeçada pelo PSB em Pernambuco e que
terá o deputado federal Danilo Cabral como candidato a governador, como se
juntar à chapa que será encabeçada pela prefeita de Caruaru, Raquel Lyra
(PSDB). Marília coloca como condição para a sua filiação a liberdade para
apoiar Lula na eleição presidencial.
Neta do ex-governador Miguel
Arraes (1916-2005), Marília começou a carreira política no PSB. Foi vereadora
por três mandatos em Recife. Ela entrou em conflito com o grupo do
ex-governador Eduardo Campos, seu primo, e acabou migrando para o PT em 2016.
No novo partido, se lançou como pré-candidata ao governo do
estado em 2018. A sua retirada da disputa foi usada como trunfo pelo PT e por
Lula para evitar o apoio do PSB a Ciro Gomes (PDT) na eleição presidencial
daquele ano. Marília era vista como ameaça para a releição do governador Paulo
Câmara (PSB).
Dois
anos depois, Marília disputou a prefeitura de Recife e chegou ao segundo turno,
quando foi derrotada por João Campos (PSB), filho de Eduardo Campos. A disputa
teve troca de acusações duras entre os partidos.
A deputada se desgastou dentro
do PT no começo do ano passado concorreu ao posto de segunda secretária da
Câmara, em acordo com Arthur Lira (PP-AL), sem o aval da cúpula partidária.
Marília acabou eleita para o posto.
Neste ano, ela alimentava a expectativa de concorrer ao
governo, mas o acordo com o PSB impediu que o projeto fosse levado adiante. A
deputada passou então a trabalhar para ser candidata ao Senado na chapa.
A cúpula do PT pernambucano,
liderado pelo senado Humberto Costa, resiste, porém, à indicação de Marília com
o argumento de que o PSB a rejeita em virtude dos ataques proferidos na
campanha municipal de 2020. Os aliados da deputada dizem que esse desconforto é
restrito ao grupo mais próximo do prefeito João Campos e não atinge todo o PSB.
A sua indicação para o Senado, de acordo ainda com seus aliados, poderia ajudar
a impulsionar a candidatura a governador de Danilo Cabral, que nunca disputou
uma eleição majoritária e sofre com o desconhecimento.
Marília é a segunda deputada mais jovem da bancada federal do
PT. Apesar de ter se desgatado no episódio da eleição da Câmara, é vista na
direção do partido como uma liderança proeminente. A própria cúpula petista
reconhece que a legenda tem dificuldade para se renovar e apresentar nomes
novos em disputas eleitorais.
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