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quinta-feira, 17 de março de 2022

Marília Arraes deve deixar o PT para disputar o Senado em Pernambuco

Uma das principais lideranças jovens em um partido que enfrenta dificuldades para renovar os seus quadros, a deputada federal Marília Arraes (PE), de 37 anos, deve deixar o PT nos próximos dias. A parlamentar pretende disputar o Senado em seu estado, mas enfrenta forte resistência em sua legenda.

O destino mais provável de Marília é o Solidariedade. O partido pode tanto se manter na aliança encabeçada pelo PSB em Pernambuco e que terá o deputado federal Danilo Cabral como candidato a governador, como se juntar à chapa que será encabeçada pela prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB). Marília coloca como condição para a sua filiação a liberdade para apoiar Lula na eleição presidencial.

Neta do ex-governador Miguel Arraes (1916-2005), Marília começou a carreira política no PSB. Foi vereadora por três mandatos em Recife. Ela entrou em conflito com o grupo do ex-governador Eduardo Campos, seu primo, e acabou migrando para o PT em 2016.

No novo partido, se lançou como pré-candidata ao governo do estado em 2018. A sua retirada da disputa foi usada como trunfo pelo PT e por Lula para evitar o apoio do PSB a Ciro Gomes (PDT) na eleição presidencial daquele ano. Marília era vista como ameaça para a releição do governador Paulo Câmara (PSB).

Dois anos depois, Marília disputou a prefeitura de Recife e chegou ao segundo turno, quando foi derrotada por João Campos (PSB), filho de Eduardo Campos. A disputa teve troca de acusações duras entre os partidos.

A deputada se desgastou dentro do PT no começo do ano passado concorreu ao posto de segunda secretária da Câmara, em acordo com Arthur Lira (PP-AL), sem o aval da cúpula partidária. Marília acabou eleita para o posto.

Neste ano, ela alimentava a expectativa de concorrer ao governo, mas o acordo com o PSB impediu que o projeto fosse levado adiante. A deputada passou então a trabalhar para ser candidata ao Senado na chapa.

A cúpula do PT pernambucano, liderado pelo senado Humberto Costa, resiste, porém, à indicação de Marília com o argumento de que o PSB a rejeita em virtude dos ataques proferidos na campanha municipal de 2020. Os aliados da deputada dizem que esse desconforto é restrito ao grupo mais próximo do prefeito João Campos e não atinge todo o PSB. A sua indicação para o Senado, de acordo ainda com seus aliados, poderia ajudar a impulsionar a candidatura a governador de Danilo Cabral, que nunca disputou uma eleição majoritária e sofre com o desconhecimento.

Marília é a segunda deputada mais jovem da bancada federal do PT. Apesar de ter se desgatado no episódio da eleição da Câmara, é vista na direção do partido como uma liderança proeminente. A própria cúpula petista reconhece que a legenda tem dificuldade para se renovar e apresentar nomes novos em disputas eleitorais.

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