Pernambuco voltou a acender o alerta para o aumento da violência. Apenas nos dois primeiros meses do ano, 617 pessoas foram assassinadas. Um aumento de 11,2% em comparação com o mesmo período de 2021, quando houve 555 homicídios.
Os números foram divulgados nesta terça-feira (15) pela
Secretaria de Defesa Social (SDS). Preocupação maior está na Região
Metropolitana e no Agreste, porque ambas apresentaram uma porcentagem muito
elevada de mortes violentas.
Na Região Metropolitana (sem incluir o Recife), houve 188
assassinatos nos dois primeiros meses deste ano. Foram 34 vítimas a mais do que
no mesmo período de 2021. O aumento de 22,8% foi puxado por alguns municípios
onde a disputa pelo domínio do tráfico de drogas resulta em guerra entre
facções.
O Cabo de Santo Agostinho é um deles. Somente em janeiro, 30
pessoas foram executadas – um recorde histórico para a cidade. A maioria das
vítimas, segundo as investigações da polícia, tinha envolvimento com atividades
criminais.
Já no Agreste do Estado, houve um aumento de homicídios mais
preocupante. De 112 casos entre janeiro e fevereiro de 2021, a região saltou
para 152 no primeiro bimestre deste ano. A taxa de crescimento foi de 36,61%. O
avanço das organizações criminosas – cada vez mais articuladas – tem desafiado
o trabalho da polícia, que não está conseguindo conter as mortes na região.
O problema, inclusive, será abordado, nesta quarta-feira
(16), em reunião semanal do Pacto pela Vida, na sede da Secretaria Estadual de
Planejamento, no Recife.
Em nota, a Polícia Civil afirmou que em conjunto com as
demais forças de segurança vem trabalhando para garantir o combate aos crimes
no Estado.
“Ações cotidianas, Operações de Intervenção Tática e
Operações de Repressão Qualificada vem contribuindo para reduzir os números da
criminalidade. Tanto que houve uma redução nos números de latrocínio (roubo
seguido de morte) que apresentaram um recuo de 16,67% em fevereiro”.
Capital
No ano passado, Recife somou 562 homicídios – um a mais do que
em 2020. Já no primeiro bimestre deste ano, o município já contabilizou 94
mortes. Ainda assim, são quatro a menos do que no mesmo período de 2021.
Uma das vítimas da violência foi o ex-policial militar
Albérisson Carlos da Silva, morto a tiros no bairro da Madalena, no Recife, em
16 de fevereiro. Presidente da Associação de Cabos e Soldados de Pernambuco,
ele havia acabado de deixar a sede da entidade quando foi surpreendido pelos
tiros. A esposa não foi atingida.
Dois delegados do Departamento de Homicídios e Proteção à
Pessoa (DHPP) seguem investigando o caso, que está completando um mês sem
solução.
Feminicídios
Apesar do aumento de homicídios registrado nos dois primeiros
meses do ano, os feminicídios caíram. De acordo com a SDS, nove mulheres foram
vítimas desse tipo de crime entre janeiro e fevereiro deste ano. Já no mesmo
período de 2021, foram 21 casos. A queda foi de 57,1%.
Em relação às queixas de violência doméstica registradas nas
delegacias, o número também apresentou redução – o que não deve ser comemorado
porque pode apontar a dificuldade das vítimas que conseguirem procurar ajuda.
No mês passado, 2.539 mulheres registraram boletins de ocorrência. Houve uma
diminuição de 29,48% em relação a fevereiro de 2021, quando 3.345 vítimas foram
às delegacias denunciar a violência sofrida.
Quanto ao bimestre, 5.406 mulheres denunciaram seus
agressores este ano, contra 7.302 dos dois primeiros meses do ano passado, ou
seja, menos 25,97%.
A gestora do Departamento de Polícia da Mulher, delegada
Fabiana Leandro, afirmou que a retomada das atividades sociais e econômicas,
nos últimos meses, tem facilitado a aplicação das políticas de prevenção e
repressão às violências contra a mulher, o que pode ter relação com a queda de
casos de violência de gênero.
“Saímos de uma fase com restrições de atendimento presencial,
época em que houve aumento das violências contra a mulher, para um momento em
que retomamos toda a nossa capacidade produtiva presencial, na forma de
campanhas preventivas, palestras em comunidades, reforço do efetivo das
delegacias. Isso permitiu aumentar as solicitações de medidas protetivas e
representações judiciais por descumprimento dessas medidas. Agora, é importante
lembrar que essa retomada é de toda a rede de proteção à mulher, na qual se
incluem diversos órgãos do Poder Executivo, o Ministério Público e o Poder
Judiciário”, avaliou.
Importante lembrar que 86 feminicídios foram contabilizados,
ao longo do ano passado, em Pernambuco. Já em 2020, foram 75 vítimas. O aumento
foi de 14,6% – uma média de uma morte violenta a cada quatro dias.
Como
pedir ajuda
O número da Ouvidoria da Secretaria Estadual da Mulher é
0800-281-8187. A ligação é gratuita. Também é possível ligar para o 180. Todas
as orientações necessárias, como endereços de delegacias e casas de
acolhimento, são fornecidas. Em caso de urgência, a vítima pode telefonar para
o número 190, da Polícia Militar. (Via: Ronda Jc)
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