A pernambucana de Petrolina, no Sertão, Maria Thereza Coelho Cunha Bueno cedeu a fazenda onde vive com o marido alemão e filhos para receber brasileiros e demais refugiados da guerra na Ucrânia. O local fica na cidade de Siret, na Romênia, a 391 quilômetros da capital Bucareste e bem na fronteira com o país invadido pela Rússia.
Na fazenda, foi instalado um posto consular avançado para atender quem usa o território da Romênia para fugir da Ucrânia. Em entrevista à TV Grande Rio, de Petrolina, Maria Thereza explicou que ficou preocupada diante das notícias de refugiados em razão da guerra.
"A gente abriu a casa e a fazenda para receber essas
pessoas que estavam atravessando. No domingo à noite, comecei a ver no jornal
que tinham muitos brasileiros tentando sair. A
situação é realmente dramática”, disse a pernambucana.
Maria Thereza procurou a embaixadora do Brasil na Romênia, Maria Laura da
Rocha, para oferecer a propriedade em ajuda. “Funcionários do consulado vão
ficar hospedados na minha casa e vão usar o escritório da fazenda como apoio
consular para essas pessoas que estão tentando atravessar”, disse.
A embaixadora explica que, nos primeiros dias da guerra,
ainda não havia muito apoio nos trâmites para atender os brasileiros que saíam
da Ucrânia.
“Não tínhamos apoio, os funcionários da embaixada que foram
para a fronteira ficaram ao léu, mais de sete horas no frio, não tinha mais hotel”, explicou a representante do
Itamaraty, acrescentando que os brasileiros receberam o apoio necessário.
Segundo a Embaixada
do Brasil em Kiev, capital da Ucrânia, cerca de 500 brasileiros moravam no país antes da
invasão russa. Ao todo, mais de 830 mil pessoas já deixaram a Ucrânia, de acordo com dados desta quarta-feira
(2) da Agência da Organização das Nações Unidos para Refugiados (Acnur).
Na terça, o Itamaraty anunciou
a abertura de mais dois postos de emergência para atendimento a cidadãos
brasileiros que buscam a deixar a Ucrânia: em Lviv,
cidade ucraniana próxima à fronteira com a Polônia, e Chisinau, capital da Moldávia,
para facilitar a quem tenta sair via Romênia.
A pernambucana lembra ainda
que poderia ser ela com os filhos na situação dos demais conterrâneos. “Eu,
como imigrante num país onde você não
conhece ninguém, não tem família, começou a me perturbar muito.
Comecei a pensar em como ajudar, aproveitar que a gente tem espaço para poder
de alguma maneira ajudar essas pessoas que estão tentando fugir”, adicionou.
Até terça-feira (1º), 52 brasileiros e cinco estrangeiros
acompanhantes receberam o apoio da embaixada brasileira - todos antes da
disponibilidade da fazenda. “Estamos acompanhando outros 15 nacionais dentre os
quais sete realizaram contatos recentes”, completou a embaixadora Maria Laura.
A embaixada se organiza para oferecer transporte, hotel e alimentação por
alguns dias para os brasileiros.
Com a oferta da fazenda da pernambucana, a Embaixada do Brasil na Romênia montou um
posto consular no local, onde dois funcionários começaram a trabalhar para
atender os brasileiros.
“Monitoram a chegada dos brasileiros por uma fronteira [com a
Ucrânia] ou por outra [com a Moldávia]. Vamos processando a documentação,
mandamos os ônibus”, disse a embaixadora.
Segundo Maria Laura, a
fazenda é um ponto estratégico para a saída dos brasileiros da
Ucrânia e também da Europa.
“Ainda não acolhemos na propriedade nenhum brasileiro, os que
chegaram foi antes da disponibilidade e estão em Bucareste.
A partir de agora, já vamos conduzir ali para aguardar o transporte para a
capital”, finalizou Maria Laura da Rocha.
O setor consular da Embaixada do Brasil na Romênia disponibiliza
o contato de WhatsApp +40 722 219 236 para
ajudar os brasileiros que pretendem ingressar no país a partir da Ucrânia. (Via: Conteúdo Folha PE)
Blog: O Povo com a Notícia