Uma central de distribuição e armazenamento de drogas foi desmontada pela Polícia Civil durante uma operação do Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife. Chamado de “fortaleza do tráfico”, o imóvel contava com sistema de monitoramento de vídeo com 28 câmeras, controladas por um presidiário, de dentro da cadeia. Dois homens foram presos.
Realizada
na quinta (7), a ação é um desdobramento da Operação Smurfing, deflagrada em março deste ano. Na primeira
etapa, a polícia tinha como objetivo cumprir 75 mandados de prisão e 45 de
busca e apreensão domiciliar, sequestro de bens e bloqueio de ativos para 16
estados.
Os detalhes da operação
policial no Cabo de Santo Agostinho foram
divulgados nesta sexta (8), durante entrevista coletiva concedida no Recife.
Segundo a
polícia, uma mulher, identificada como “rainha do tráfico”, está foragida. Ela
é esposa do líder do grupo, que está preso e é o mesmo que controla a "fortaleza
do tráfico" no Cabo.
Os dois tinham
sido presos em 2019, mas a mulher recebeu o direito de deixar a cadeia. Assim,
assumiu a coordenação do comércio de drogas na região, de acordo com a polícia.
Na central de drogas, a
polícia informou ter encontrado entorpecentes, como crack, cocaína e maconha.
Em outra residência, foram apreendidas cédulas de dinheiro de diversos valores.
A Polícia
explicou a organização criminosa funcionava da seguinte maneira: enquanto o
líder comandava tudo, a partir do presídio e do monitoramento pelas câmeras da
"fortaleza", a mulher dele coordenava as atividades nas ruas.
A
corporação disse, ainda, que havia “um rígido controle do repasse de drogas” e
de “coleta de dinheiro”. Além disso, ressaltou a polícia, as câmeras estavam
instaladas em locais estratégicos, no entorno da "fortaleza do
tráfico".
Assim, os integrantes da
organização acompanhavam a movimentação de compradores de drogas e até mesmo da
polícia.
“Essas duas
pessoas que foram presas em flagrante são ligadas a um casal que tem um domínio
do tráfico. Eles atuavam nas mediações dessa casa, no Centro do Cabo, que fazia
a venda direta para os usuários”, afirmou o delegado Ney Luiz, um dos
responsáveis pelas investigações.
Ainda
de acordo com o delegado, a organização recebia o dinheiro da venda de drogas
por meio de um cano. Esse sistema também era usado para a entrega de pequenas
quantidades de drogas para os “clientes” da “fortaleza do tráfico" .
Ney Luiz afirmou também que a
quadrilha movimentou cerca de R$ 40 mil em seis meses. “Diariamente, seriam
depositados até R$ 5 mil pela quadrilha”, afirmou.
Para despistar
a polícia, a organização usava também um comércio de fachada. Era uma barraca
de venda de churrasquinhos, que também funcionava como ponto de drogas.
“Existem
informações e homicídios ligados ao grupo. Eles agiam com bastantes violência”,
disse o delegado, durante a coletiva.
A Operação Smurfing partiu de
uma investigação que era realizada a partir de uma organização criminosa de
Ipojuca, no Grande Recife, desde novembro de 2018.
Segundo a
Polícia Civil, foram identificados "braços" financeiros e
operacionais da organização criminosa em vários locais do país. A corporação
definiu essa como a "maior e mais abrangente operação de repressão
qualificada de sua história".
A partir da investigação em
Ipojuca, os policiais acompanharam o caminho do dinheiro obtido por meio do
tráfico, passando pelos operadores financeiros e empresas utilizadas por uma organização
criminosa para lavagem de dinheiro.
As apurações,
ainda de acordo com a corporação, revelaram uma relação dos envolvidos com
investigados na Bolívia, sobretudo alvos residentes na região de fronteira.
As informações
indicaram que a região é, provavelmente, uma das rotas pelas quais drogas
ilícitas com origem boliviana entram no país.
Smurfing é uma
tipificação de lavagem de dinheiro, que consiste no fracionamento de uma grande
quantia em pequenos valores, de modo a escapar do controle administrativo,
camuflando assim transferências e operações financeiras. (Via: G1 PE)
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