Um dos operadores de propina no esquema de corrupção instalado na
Petrobras, o lobista Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, admitiu à
Polícia Federal que a Odebrecht lhe pagou R$ 550 mil, em duas parcelas,
enquanto ele estava preso, de acordo com informações publicadas pelo Estadão.
A PF registrou assim o relato de Baiano. “A Odebrecht se negava a pagar
oficialmente e a firmar contrato, e só concordou em pagar ‘por fora’; Rogério
combinou de entregar o dinheiro, combinando data, local e valor; alguém a pedido
da Odebrecht entregou o dinheiro no escritório da Hawk Eyes; seu irmão,
Gustavo, afirma que houve duas entregas, no valor total de R$ 550 mil; seu
irmão não declinou tais fatos por ocasião de sua condução coercitiva porque
tentou preservar o declarante e nem sabia ao certo do que se tratava, mas tinha
a informação do declarante de que era um contrato lícito; que os serviços
prestados à Odebrecht pelo declarante na questão da refinaria não envolveram
qualquer prática de ilícito e não envolveu pagamentos a agentes públicos por
parte do declarante; o único ilícito foi não declarar os valores, mas pretendia
fazê-lo porque tinha a expectativa que a Odebrecht iria oficializar o
contrato.”
De acordo com o jornal, o nome de Gustavo foi identificado em uma planilha
secreta de propina. O documento foi apreendido na casa da secretária de altos
executivos da Odebrecht, Maria Lúcia Guimarães Tavares, suspeita de ser
responsável por parte da distribuição da ‘rede de acarajés’ – que seria
referência a propina.
A publicação afirma ainda que o lobista ligou o pagamento a uma
consultoria sobre uma refinaria de Angola. Ele declarou que em 2009 foi
procurado por Cezar Tavares e Luiz Carlos Moreira para que indicasse uma
empresa possivelmente interessada em um projeto em Angola.
Fernando Baiano passou quase um ano detido entre 2014 e 2015, em
Curitiba, base da Operação Lava Jato, acusado de corrupção e lavagem de
dinheiro. Ele disse à PF que o pagamento foi feito por uma ‘consultoria
lícita’. O lobista deixou a prisão após fechar acordo de delação premiada.
Ex-aliado do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), Fernando Baiano foi
protagonista de um repasse de propina de US$ 5 milhões ao parlamentar, em 2011,
relativa à contratação de navio sonda. Em 2 de junho deste ano, o lobista
prestou novo depoimento à PF e foi questionado sobre as entregas de dinheiro em
espécie feitas no endereço da Hawk Eyes – sua empresa – aos cuidados de seu
irmão, Gustavo. Os valores teriam sido repassados, segundo a PF, pelo Setor de
Operações Estruturadas da Odebrecht.
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