(Foto: PF)
O esquema de lavagem de dinheiro criado entre a Odebrecht e a cervejaria
Itaipava não bancou apenas o caixa 2 de campanhas eleitorais, mas também a
compra, em 2006, de um dossiê contra o então candidato à Presidência, José
Serra (PSDB), episódio que ficou conhecido como "aloprados do
PT".
Em 15 de setembro de 2006, a apenas duas semanas do primeiro turno das
eleições, membros do PT foram presos pela Polícia Federal em um hotel em São
Paulo ao tentar comprar um dossiê contra o então candidato tucano ao governo de
São Paulo, que concorria com Aloizio Mercadante. O presidente Lula, ao tentar
minimizar o episódio, disse que aquilo era obra de "um bando de
aloprados".
Foram presos em flagrante Valdebran Padilha, que tinha US$ 109,8 mil e
mais R$ 758 mil em dinheiro e Gedimar Passos, com US$ 139 mil e mais R$ 400 mil
em dinheiro. Ao todo, ambos tinham R$ 1,7 milhão.
O montante seria usado para comprar um dossiê contra Serra, ex-ministro
da Saúde, no escândalo da Máfia dos Sanguessugas. O conjunto de documentos, que
se provou falso, seria vendido pelos empresários Darci Vedoin e seu filho, Luiz
Antônio Vedoin, donos da empresa Planam, pivô do escândalo das sanguessugas.
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, um dia após a prisão, o
ex-tesoureiro da campanha de Lula, José Filippi, convocou uma reunião de
emergência no comitê do PT, em São Paulo. No local, estariam o presidente da
Itaipava, Walter Faria, e Benedicto Júnior, ex-presidente da Odebrecht.
Em sua delação, o ex-executivo da empreiteira, Luiz Eduardo Soares,
disse que o clima era de tensão, já que o dinheiro apreendido estava com o
rótulo da Leyroz de Caxias, distribuidora da Itaipava que articulava a
distribuição de dinheiro no esquema de propina da cervejaria. O delator disse
ainda que as investigações não chegaram à Itaipava. "Aí a coisa morreu,
arrefeceu, e ninguém nunca soube de onde era o dinheiro".
Blog: O Povo com a Notícia