A
cada duas horas e meia, em 2016, uma mulher sofreu estupro coletivo em algum
lugar do Brasil. Os dados são do Ministério da Saúde. No último ano, 3.526
casos foram registrados pelas unidades de saúde de todo o país – alta de 12,5%
em relação aos 3.132 de 2015. Na comparação com 2011, o número subiu 124%.
Os dados obtidos pelo G1 também mostram a distribuição desses casos pelo país. Somados, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais – os três estados mais populosos – registraram 1.360 casos de “estupro com dois ou mais agressores”, na nomenclatura do ministério.
Em termos percentuais, as unidades da Federação com maior
índice de estupros coletivos por habitante são Acre, Tocantins e Distrito
Federal. Em 2016, houve mais de 4 casos para cada 100 mil moradores nesses
locais.
Na outra ponta da tabela, os estados com menor índice desse tipo de crime são Paraíba, Rio Grande do Norte, Maranhão, Sergipe e Bahia. Neles, o Ministério da Saúde registrou menos de 1 estupro coletivo a cada 100 mil habitantes. Como a pasta não investiga esses dados ativamente, é difícil saber se isso acontece porque há poucos casos, ou porque há pouco registro.
Dados de
atendimento: Assim como nos outros dados
sobre violência doméstica e/ou sexual, é difícil distinguir o “aumento nos
casos” com o “aumento nas notificações”. Os dados do Ministério da Saúde
correspondem às vítimas que buscaram atendimento em hospitais públicos ou
privados – mesmo que elas não tenham registrado um boletim de ocorrência.
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Em nota ao G1, a pasta explicou que o Sistema Único de Saúde garante acesso, “de forma gratuita, a atendimento psicológico, contracepção de emergência e profilaxia para DST, HIV, Hepatite B, entre outras medidas de atenção”.
O Sinan começou a receber dados de violência em 2006, mas a notificação só se tornou obrigatória para os hospitais e postos de saúde em 2011. Por isso, o Ministério da Saúde acredita que esse crescimento possa ser “distorcido” pela adaptação ao modelo. Mesmo assim, a pasta entende que os dados apontam um aumento nos casos de estupro e estupro coletivo, ao longo dos anos.
Histórias que chocam: Ao longo de 2016, o G1 noticiou uma série de estupros coletivos em diversas
regiões do país. Os números do Ministério da Saúde mostram que a maioria dos
casos não chega a conhecimento público, e grande parte não se converte em
investigação policial.
Em maio daquele ano, a Polícia Civil do Rio de Janeiro abriu investigação sobre o estupro de uma adolescente de 16 anos por “pelo menos 30 homens”, de idades variadas. O inquérito foi concluído, e sete suspeitos foram indiciados. O caso gerou protestos no Brasil e no mundo, e levou o Ministério da Justiça a criar um Núcleo de Proteção à Mulher, vinculado à pasta.
Poucos dias antes, também em maio de 2016, uma adolescente de 17 anos chegou a ser internada em Bom Jesus, no Sul do Piauí, após ser estuprada por cinco jovens – apenas um era maior de idade. Segundo a investigação, ela foi encontrada em um canteiro de obras, amordaçada com a própria calcinha.
Em julho de 2016, uma mulher
de 18 anos procurou ajuda em Araraquara, São Paulo, após ser abordada por cinco
homens na saída de uma festa, e estuprada por eles. Em novembro daquele ano,
ela pediu à Justiça que arquivasse o caso e, com isso, os agressores não foram
identificados ou punidos. “Elas acabam desistindo porque ficam muito expostas e
muitas pessoas não querem isso. Aí o caso fica impune”, afirmou a advogada da
vítima ao G1, na época.
Em agosto, uma menina de 14 anos foi deixada na porta de casa em Palmas, no Tocantins, após ter sido abusada por quatro jovens. Ela contou à família que foi rendida por um homem de moto, que mostrou uma arma e levou a vítima para um matagal. Das cinco pessoas, quatro chegaram a ter relação sexual com a garota, segundo o depoimento.
Em outubro, um adolescente de 17 anos sofreu estupro coletivo dentro de uma unidade de semiliberdade em Caruaru, no Agreste de Pernambuco. A vítima e os seis agressores eram do sexo masculino. (Via: G1)
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