A Câmara dos Deputados decidiu
nessa quarta-feira (02) pelo arquivamento da denúncia de corrupção passiva que
pesava contra o presidente Michel Temer (PMDB). Eram necessários 172 votos para
que Temer não fosse julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O governo escapa em uma situação dramática e desgastada, tanto nas
tratativas internas - para garantir apoios necessários – quanto diante da
opinião pública - com apenas 5% de aprovação, segundo o Ibope -, e tendo em
vista o recente aumento nos impostos com impacto direto no aumento dos
combustíveis, por exemplo.
A DENÚNCIA: Michel Temer foi denunciado ao STF no dia 26 de junho pelo procurador
geral da República, Rodrigo Janot, com base nas delações de executivos da JBS,
no âmbito da operação Lava Jato. Janot também levou em conta a gravação em
vídeo onde o ex-deputado e ex-assessor do presidente, Rodrigo Rocha Loures
(PMDB-PR), aparece carregando uma mala com R$ 500 mil, saindo de um restaurante
em São Paulo.
Segundo a PGR, o dinheiro seria entregue ao presidente Michel Temer como
parte de propina acertada com a JBS. Em troca, Temer usaria a influência do
governo no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para favorecer a
empresa num processo para reduzir o preço do gás fornecido pela Petrobras a uma
termelétrica da JBS. O valor total da propina, segundo a PGR, era de R$ 38
milhões.
Para Janot, a ligação entre Temer e Rocha Loures foi comprovada numa
conversa gravada que ele teve com um dos donos da JBS, Joesley Batista, no
Palácio do Jaburu, em março, fora da agenda oficial, onde o peemedebista indica
o ex-deputado como pessoa de sua "mais estrita confiança".
DESDOBRAMENTOS
POLÍTICOS: Uma vez denunciado, Michel Temer rebateu a legitimidade da ação da PGR,
chegando a insinuar que a Procuradoria teria sido subornada pela JBS para fazer
a denúncia.
Em sucessivos pronunciamentos não poupou ataques ao procurador Rodrigo
Janot, ao tempo em que se antecipou em escolher Raquel Dodge como nova
procuradora da República, que substituirá Janot a partir de setembro. A
avaliação dos bastidores é que, por não ser alinhada ao modelo de trabalho de
Janot, Dodge pode diminuir a intensidade dos intentos jurídicos contra o
Palácio do Planalto.
Michel Temer também utilizou todos os atos administrativos que pôde, como
pagamentos de emendas e outras benesses, para manter aliados de partidos importantes
que já ameaçaram deixar a base, como o PSDB.
Temer precisou afinar o discurso com Rodrigo Maia [1º na linha sucessória]
para tentar frear a debandada do Democratas. A pressão do Planalto, ao
questionar publicamente lealdade ao DEM, gerou um desconforto interno ainda
maior.
Mesmo evitando seu afastamento, Temer seguirá nas cordas com dias
difíceis, isso porque o procurador Rodrigo Janot deverá apresentar novas
denúncias contra ele por obstrução de Justiça e participação em organização
criminosa. (Via: BNews)
Blog: O Povo com a Notícia