A multinacional Salesforce produz
softwares para empresas como Embraer, iFood e SulAmérica. Como fazem muitas
empresas, promoveu uma festa de final de ano para os funcionários em dezembro
passado. A descontração na filial brasileira, porém, extrapolou os padrões
aceitáveis pela matriz americana e acabou levando à troca no comando da
subsidiária. A área de recursos humanos entendeu que seria divertido
promover um concurso de fantasia na confraternização anual, com premiação em
dinheiro aos três melhores paramentados.
O primeiro colocado levaria R$ 3.000. A votação ficaria a cargo dos cerca
de 250 participantes da festa. Um dos funcionários, que atua na área de
vendas, quis fantasiar-se como um meme popular que circula no aplicativo
WhatsApp, chamado de "Negão do WhatsApp". Vestiu camisa azul, colocou
uma toalha no ombro, chapéu rosa e improvisou uma prótese para imitar o pênis
do personagem.
Ficou em quarto lugar no concurso de fantasias e foi parar no centro de
uma foto, ao lado do diretor comercial e de outras dez pessoas, todas se
divertindo. Na matriz, em San Francisco (Costa Oeste dos EUA), aonde a imagem
com o fantasiado chegou, deflagrou uma crise. As versões sobre o impacto
da imagem divergem. Uma delas, que circula na internet, diz que a direção da
companhia teria pedido a demissão do funcionário, mas o diretor comercial
tentou mantê-lo no cargo, argumentando que no Brasil as pessoas são mais
liberais.
A sede, então, teria decidido demitir também o diretor comercial. Teria
sido a vez de o presidente da multinacional no Brasil interferir, alegando que
a punição era exagerada, pois aquilo não passara de brincadeira. A matriz
acabou demitindo o funcionário, o diretor e o presidente. Outros dois
funcionários, fantasiados como personagens principais do filme "As Branquelas"
— em que dois policiais negros se travestem de patricinhas brancas —, foram
suspensos pela empresa até segunda análise.
A Folha apurou que pessoas próximas ao caso consideraram a punição
exagerada e contraditória com o discurso da empresa de ser aberta à
diversidade. Procurada, a Salesforce confirmou os desligamentos dos
funcionários e disse que, por protocolo interno, não comentaria a saída de
profissionais. (Via: Folhapress)
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