A insegurança nas estradas de Pernambuco
tem aumentado. Cresceu ao ponto de provocar um posicionamento público do
Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas, Armazenagem e Logística do
Estado de Pernambuco (SETCEPE), o que não é comum. De fazê-los, inclusive,
procurar o governador pessoalmente para apresentar números da violência e
ratificar o medo e o prejuízo enfrentados pelo setor. Os números, de fato,
chamam atenção: 579 assaltos a cargas em Pernambuco só no ano de 2019.
“Essas
cargas que têm sido roubadas não contam com tanta proteção. E, para dificultar
a situação, as quadrilhas estão cada dia mais profissionais. Têm conseguido
bloquear os rastreadores utilizando um bloqueador Jammer. Assim que abordam os
veículos, colocam o bloqueador e o arrastam para uma área deserta onde retiram
a carga. Quando a empresa consegue perceber o que está acontecendo e voltar a
localizar o veículo já é tarde”, diz Carlos Eduardo, diretor-financeiro da
SETCEPE.
Carlos
Eduardo explica que o principal alvo das investidas têm sido as cargas que
variam entre R$ 25 mil e R$ 40 mil. Produtos que, apesar do valor, não contam
com os mesmos requisitos de segurança das cargas de alto valor agregado, acima
de R$ 100 mil, que têm uma proteção bem maior por exigência das seguradoras,
como o rastreamento duplo. “Essas cargas que têm sido roubadas não contam com
tanta proteção. E, para dificultar a situação, as quadrilhas estão cada dia
mais profissionais. Têm conseguido bloquear os rastreadores utilizando um
bloqueador Jammer. Assim que abordam os veículos, colocam o bloqueador e o
arrastam para uma área deserta onde retiram a carga. Quando a empresa consegue
perceber o que está acontecendo e voltar a localizar o veículo já é tarde”,
explica o diretor-financeiro.
O
Jammer é um pequeno aparelho que cria um sinal em banda larga, capaz de
interromper a frequência do rastreador. Assim, o sinal impede que a operadora
do rastreador, ou o smartphone conectado a ele, receba o sinal de localização
do veículo. As cargas mais visadas atualmente são as de gênero alimentício, que
têm facilidade de repasse. “As cargas de supermercado, por exemplo, são
facilmente vendidas em mercadinhos dos municípios do interior. Mas até pneus de
caminhões novos tem sido roubados pelas quadrilhas”, diz Eduardo.
Um
dia depois da divulgação da nota do SETCEPE, a Masterboi Ltda., uma das maiores
empresas do setor de atacado de alimentos, comunicou publicamente o terceiro
roubo praticado contra caminhões da empresa somente em 2020. A investida
aconteceu na BR-232, na altura do Km 32, em Bonança, distrito de Moreno, na
Região Metropolitana do Recife. A ação, segundo a Masterboi, ocorreu de forma
muito rápida, quando um veículo Gol vermelho com três homens armados trancou o
caminhão e ordenou que o motorista parasse. Em seguida dois deles entraram na
cabine e orientaram o motorista a seguir para uma estrada de barro próxima,
onde fizeram a retirada da carga e abasteceram outro caminhão que já estava
aguardando no local. Após retirar toda a carga, orientaram o motorista a
caminhar no sentido da BR-232 por 20 minutos e fugiram.
Por
tudo isso, o Sindicato fez apelos ao governo de Pernambuco para reforçar a
segurança nas rodovias estaduais e federais que cortam o Estado, mapeando os
trechos de maior incidência de roubo de cargas. O relatório de assaltos foi
entregue no Palácio do Campo das Princesas e também enviado ao governo federal
na tentativa de ampliar a presença da Polícia Rodoviária Federal (PRF) nas 11
rodovias federais que cortam o Estado. (Por Roberta Soares/JC)
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