O presidente Jair Bolsonaro
questionou nesta terça-feira (21) se os veículos de imprensa não acreditam na
credibilidade do Ministério Público Federal após o jornalista Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept Brasil, ter sido denunciado.
Sob a acusação de envolvimento no hackeamento de contas de Telegram de
autoridades como o ministro da Justiça, Sergio Moro, sete pessoas foram denunciadas,
incluindo o jornalista, que não havia sido nem investigado.
Na entrada do Palácio da Alvorada, o presidente questionou inicialmente se
Glenn ainda mora no Brasil. "Não devia nem estar. Onde está esse cara? Ele
está no Brasil?", perguntou.
Na sequência, o presidente foi indagado se a denúncia contra o jornalista
poderia ser interpretada como uma perseguição à atividade da imprensa.
Inicialmente, ele não quis responder. Diante da insistência, fez uma ironia.
"Quem denunciou foi a Justiça. Você não acredita na Justiça?",
disse Bolsonaro, corrigindo-se após ser informado que cabe ao Ministério
Público fazer a denúncia. "É MP, MP", afirmou.
Em nota enviada à coluna Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, Glenn
afirmou que a denúncia "é uma tentativa óbvia de atacar a imprensa livre
em retaliação pelas revelações que relatamos sobre o ministro Moro e o governo
Bolsonaro".
Em julho, pouco mais de um mês após a publicação da primeira reportagem
com base nas mensagens com os diálogos da força-tarefa da Lava Jato, Bolsonaro
chamou Glenn de "malandro". "Talvez pegue uma cana aqui no
Brasil, não vai pegar lá fora não", afirmou à época.
Glenn não foi investigado nem indiciado pela Polícia Federal, mas o
procurador Wellington Oliveira, do Ministério Público Federal em Brasília,
entendeu que ficou demonstrado, em um áudio encontrado em um computador
apreendido, que o jornalista orientou o grupo de hackers a apagar mensagens.
Isso, segundo Oliveira, caracterizou "clara conduta de participação
auxiliar no delito, buscando subverter a ideia de proteção a fonte jornalística
em uma imunidade para orientação de criminosos".
De acordo com o Ministério Público, Glenn não foi investigado pela Polícia
Federal em respeito a uma decisão cautelar do ministro Gilmar Mendes, do
Supremo Tribunal Federal.
O Ministério Público informou que vai enviar cópia da denúncia à PGR
(Procuradoria-Geral da República) para subsidiar eventual pedido de revogação
da decisão que impede a realização de investigações sobre a atuação de Glenn no
caso.
O procurador Wellington Oliveira é o mesmo que denunciou o presidente da
OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz, sob acusação de calúnia
contra Moro.
Santa Cruz disse que o ministro bancou o "chefe da quadrilha" ao
avisar autoridades que teriam sido alvo de hackers. A Justiça rejeitou a
denúncia na semana passada. (Via: Agência Brasil)
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