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sábado, 4 de julho de 2020

Julho chega, e com ele o inverno com temperaturas abaixo de 15 graus no interior de Pernambuco


Há quem pense que frio no Nordeste é uma utopia. A região, famosa pelas praias e pelo calor quase o ano todo, guarda no seu interior alguns oásis de, pasmem, frio. Em Pernambuco, é comum em algumas cidades aproveitar para tomar chocolate quente com o objetivo de, realmente, se aquecer. 

Triunfo, com a maior altitude do Estado, 1.010 metros, é a “cidade mais fria de Pernambuco”, com temperatura média de julho de 15,1°C. Garanhuns, no Agreste, não fica muito atrás. Com altitude de 842m, marca a média de temperatura mínima em julho de 16°C. Por esses registros, os municípios fazem do frio uma atração turística. Mas com a pandemia do novo coronavírus, julho ficou diferente: o frio é igual ou maior, mas as cidades mudaram seus cenários.

Triunfo e Garanhuns não são as únicas cidades em que os moradores podem desfrutar de agasalhos, toucas e luvas porque o clima esfriou. Atrás delas, estão Caruaru e Arcoverde, por exemplo, com temperaturas médias mínimas de 17,3°C e 16,7°C. Mas, sem dúvidas, a fama maior vai para as duas primeiras. Há quem diga já ter visto nos termômetros, durante a madrugada, a temperatura de 8°C em Triunfo. O relato vem do advogado Daniel Lima, de 43 anos. Ele conta que desde que a estação chegou este ano, já teve dias em que a temperatura mínima prevista era de 11°C. “A sensação é que esse ano está ainda mais frio que o do ano passado”, comenta o morador da cidade. O frio é sentido diariamente, mas aperta pela noite e pela madrugada, famosa pelas quedas de temperatura. “Isso acontece porque, principalmente quando não há nebulosidade no céu, a tendência é o solo perder toda a radiação absorvida durante o dia, o que faz cair a temperatura nos termômetros”, explica a meteorologista da Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC), Edvânia Santos. Oficialmente, a APAC não tem o registro da menor temperatura em 2020 em Triunfo.

Em muitos locais de Pernambuco, se espera que o inverno traga a chuva, como no litoral e Zona da Mata. “Mas isso depende da região que a cidade se encontra. No caso do Sertão, a estação costuma ser fria e seca”, explica Edvânia. Contrariando o costume, Triunfo tem uma previsão pluviométrica bem alta para a média da região no mês de julho por causa da sua altitude. Enquanto se espera 28 mm de chuva para o Sertão, a cidade mais alta do Estado prevê 117 mm para o mês de julho. As chuvas já têm feito parte do cotidiano do advogado Daniel desde maio, mas nesse início do mês ele afirma ter percebido uma estiada. No entanto, a meteorologista Edvânia afirma que “as chuvas estão correndo dentro da média em Pernambuco”, então o período chuvoso deve continuar ainda na cidade.

Venham as chuvas do mês ou não, Triunfo tem sentido os efeitos da pandemia, já que faz parte do Circuito do Frio e costuma promover eventos culturais em julho, como o Triunfo Jazz, que teve sua segunda edição ano passado. Daniel é um frequentador assíduo das atividades de inverno da cidade e sente pela mudança de um ano atípico. Sair para tomar uma bebida quente ou ir conhecer a montanha do Bico do Papagaio, ponto mais alto do Estado, são algumas das atividades comuns no roteiro do frio que tiveram que ficar de fora da programação dele nessa época. “É muito comum sair para fazer passeios turísticos, como ir na Cachoeira da Pinga ou andar no teleférico que corta o grande açude da cidade. Triunfo fica cheia de turistas. É a época que mais tem pessoas de outros lugares na cidade”, relata o triunfense.

FIG, frio e chuvas

Essa falta sentida por Daniel também acontece para muitos moradores de Garanhuns, que vão vivenciar seu inverno de julho de uma forma bastante diferente. Responsável pelo festival de inverno mais conhecido do Estado e um dos mais importantes do país, que completaria 30 anos de existência em 2020, o FIG também foi cancelado por causa da pandemia. Uma das moradoras que sente bastante por essa situação é empresária Simone Rodrigo, de 33 anos, que frequenta o festival assiduamente desde que se mudou para a cidade, há 10 anos. No primeiro ano, marcou presença nos polos nos 10 dias de programação. “Sinto falta de poder ir para o FIG com os amigos. E também sei o quanto o evento é importante para economia porque o movimento de turistas é muito grande”, comenta. 

Quanto ao frio, esse não mudou com a chegada do coronavírus. “A cidade é fria até mesmo no verão. Agora no inverno tem variado durante os dias, mas a gente sabe que quando vai sair sempre precisa levar um casaquinho junto, porque a noite vai esfriar mais”, conta Simone. Respeitando o isolamento social e com as cafeterias e restaurantes fechadas pela cidade, Simone tem passado maior parte do frio agasalhada em casa.

As temperaturas mais baixas da Suíça Pernambucana, como Garanhuns é conhecida, também pode ser explicado: a altitude ajuda na queda de temperatura. No entanto, diferente de Triunfo, Garanhuns se situa no Agreste, que é marcado por um inverno chuvoso, com média pluviométrica para o mês de julho de 133mm, enquanto a da região é de 108mm. As chuvas têm sua marca registrada no FIG. Entretanto, na visão da moradora Simone, ano passado as chuvas já tinham sido mais intensas nesse período.

Blog: O Povo com a Notícia