Um relatório da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senapen) apontou que a facção criminosa Comando Vermelho (CV) continua sua expansão pelo país, 45 anos após seu surgimento no Rio de Janeiro.
Segundo o estudo, o CV agora está presente em 23 estados, três a mais do que no ano passado, com destaque para a inclusão de Amapá, Pernambuco e Espírito Santo na lista de áreas sob sua influência. Segundo o estudo, a facção só não tem presença no Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e São Paulo, onde o predomina o Primeiro Comando da Capital (PCC), facção paulista criada na década de 1990.
A pesquisa ainda revela que o CV possui 134 líderes espalhados por presídios brasileiros, representando 21% dos chefes de facções no sistema penitenciário. Além disso, controla 125 pavilhões no país, demonstrando seu domínio nas unidades prisionais. A expansão tem sido especialmente intensa nas regiões Norte e Nordeste, caracterizadas pela natureza territorialista da facção e pela proximidade com as fronteiras internacionais.
De acordo com a análise, o Rio de Janeiro, estado de origem do CV, tornou-se um refúgio para criminosos de outras regiões, com 253 foragidos de diferentes estados, sendo mais de 80 deles do Pará. Esses criminosos, muitos dos quais comandam o tráfico de drogas no estado paraense, se escondem em áreas estratégicas do Rio, como a Vila Cruzeiro e o Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo.
Embora o Comando Vermelho ainda atue em menos estados que o PCC, sua expansão tem sido mais acelerada, refletindo uma crescente presença em áreas antes pouco afetadas pelo crime organizado.
Bahia
Na Bahia, o avanço do CV tem ocorrido nos últimos três anos, conforme informações de fontes oficiais ouvidas pelo Metrópoles em outubro deste ano. Especialistas consultados pela reportagem destacam que, assim como em Minas Gerais, a atuação do PCC no estado ocorre predominantemente de forma indireta. O grupo paulista é aliado do Bonde do Maluco (BDM), a principal facção baiana, criada em 2015 como uma ramificação da facção Caveira.
Em relação ao estado, uma fonte apontou que a Bahia é considerada estratégica para o crime devido às rotas que atendem a todo o Nordeste, contando com pelo menos seis portos, tanto públicos quanto privados, que naturalmente atraem as facções criminosas.
O coronel Uirá Ferreira, subsecretário de Inteligência da Polícia Militar do Rio de Janeiro, observou que a situação vivida pela Bahia atualmente é similar àquela enfrentada pelo Rio de Janeiro há duas décadas. Segundo ele, as facções de origem carioca estão disputando território na Bahia, que, hoje, se assemelha mais ao Rio de Janeiro em termos de disputa territorial.
Acompanhe o Blog O Povo com a Notícia também nas redes sociais, através do Facebook e Instagram.