Quando o PSB chegou ao poder em 2007, a posse do então governador Eduardo Campos foi festejada com toda a pompa possível. Caravanas de trabalhadores rurais, organizadas por entidades como a Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco (Fetape), e moradores de diversas cidades pernambucanas se aglomeraram em frente ao Palácio do Campo das Princesas para ver o neto de Miguel Arraes assumir o governo.
No dia 1º de janeiro de 2015, a cerimônia que oficializará Paulo Câmara (PSB) como chefe do Executivo estadual será mais discreta. “Vamos fazer uma posse simples, mais para cumprir o rito e as pessoas que forem poderem falar comigo”, disse ele.
A ausência de um evento grandioso se dará por algumas razões. A posse de Paulo Câmara ocorrerá cerca de cinco meses após a morte do ex-governador e a tristeza pelo acidente que o vitimou ainda é muito presente entre os socialistas – tanto que o PSB não realizou a tradicional confraternização de fim de ano. Além do mais, o governador eleito não tem o mesmo peso político de Eduardo. Some-se a isso a falta de apoio de alguns sindicatos ao PSB.
“Não haverá nenhuma movimentação de caravanas para o Recife”, explica o presidente da Fetape, Doriel Barros, projetando um cenário bem diferente do de 2007 quando 1,5 mil trabalhadores rurais desembarcaram no Recife para assistir a posse. Caravanas, se houver, serão articuladas por prefeitos que ajudaram Paulo a garantir a vitória.
Se em 2007 o discurso de Eduardo pregava o início de um “tempo novo” e pequenas críticas às gestões de Jarbas Vasconcelos (PMDB) e Mendonça Filho (DEM), a expectativa é que Paulo foque na importância de dar continuidade ao legado do padrinho político. Após discursar, Paulo receberá os cumprimentos nos jardins do Palácio.
Apesar das críticas veladas que recebeu do governador João Lyra (PSB) no último domingo, o socialista não deve estimular o fogo amigo ao ser empossado. Uma prova disso é que ontem Paulo teve a chance de comentar a entrevista do colega de partido e escolheu as palavras com cuidado. “João Lyra tem as posições dele e a gente respeita. Ele teve um desafio muito grande nesses nove meses e cumpriu os compromissos que pôde cumprir e que combinou com Eduardo”, disse.
ASSEMBLEIA – Antes da cerimônia de transmissão de cargo no Palácio, às 16h, Paulo participará da solenidade de posse, na Assembleia Legislativa, às 15h. O plenário estará reservado aos parlamentares eleitos e atuais, às autoridades convidadas e aos familiares do socialista e do vice-governador eleito Raul Henry (PMDB). A exemplo do que fez na posse de Lyra este ano, o cerimonial da Assembleia colocará um telão no pátio do prédio da Alepe e montará uma estrutura com toldo, cadeiras, ventiladores e banheiros químicos. (JC)
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