A delação premiada do dono da OAS, Leo Pinheiro, que foi cancelada pelo
procurador geral da República, Rodrigo Janot, é tema da reportagem especial da
revista Veja desta semana.
Segundo a publicação, o material produzido ao longo de cinco meses de
tratativas entre a Procuradoria e o empreiteiro foi enviado para o incinerador,
eliminando uma das mais aguardadas confissões sobre o escândalo de corrupção na
Petrobras.
“Para quem vive atormentado desde 2014, quando surgiu a Lava Jato, a
decisão de Janot representa um alívio ou até a salvação. Léo Pinheiro se
preparava para contar os detalhes de mais de uma década de simbiose entre o
poder e a corrupção. Em troca de uma redução de pena, o empreiteiro ofereceu
aos investigadores um calhamaço com mais de setenta anexos. São capítulos que
mostram como a corrupção se apoderou do Estado em diversos níveis”, diz trecho
da publicação.
A revista afirma que teve acesso ao conteúdo integral de sete anexos que
o procurador-geral decidiu jogar no lixo. “Eles mencionam o ex-presidente
Lula, a campanha à reeleição da presidente afastada Dilma Rousseff e, ainda,
dois expoentes do tucanato, o senador Aécio Neves e o ministro José Serra. A
gravidade das acusações é variável. Para Lula, por exemplo, as revelações de
Léo Pinheiro são letais. Lula é retratado como um presidente corrupto que se
abastecia de propinas da OAS para despesas pessoais. O relato do empreiteiro
traz à tona algo de que todo mundo já desconfiava, mas que ninguém jamais
confirmara: Lula é o verdadeiro dono do famoso tríplex no Guarujá, no litoral
de São Paulo — comprado, reformado e mobiliado com dinheiro de uma conta em que
a OAS controlava as propinas devidas ao PT”, diz outro trecho.
Segundo a revista, o tríplex do Edifício Solaris é o tema de um dos
anexos que narram crimes praticados pelo ex-presidente. O empreiteiro conta
que, em 2010, soube, por intermédio de João Vaccari, então tesoureiro do PT,
que Lula teria interesse em ficar com o imóvel no prédio. Vaccari, que está
preso, pediu ao empreiteiro que reservasse a cobertura para o ex-presidente.
Não perguntou o preço. E quem pagou? Léo Pinheiro responde: “Ficou acertado com
Vaccari que esse apartamento seria abatido dos créditos que o PT tinha a
receber por conta de propinas em obras da OAS na Petrobras”. Ou seja: dinheiro
de propina pagou esse pequeno luxo da família Lula. Para transformar o que era
um dúplex em um tríplex mobiliado, a conta, segundo a perícia, ficou em pouco
mais de1 milhão de reais. Pinheiro esclarece até mesmo se Lula sabia que seu
tríplex era produto de desvios da Petrobras. “Perguntei para João Vaccari se o
ex-presidente Lula tinha conhecimento do fato, e ele respondeu positivamente”,
diz o anexo.
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