A Caixa Econômica Federal vai
anunciar nos próximos dias um novo pacote de medidas para ampliar as concessões
de crédito imobiliário, disseram à Reuters duas fontes com conhecimento direto
do assunto.
As medidas, aprovadas pelo conselho de administração do banco
estatal na última terça-feira, incluem corte de juros nas linhas habitacionais
com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), maior fonte
de recursos do banco para financiar o setor.
Esta é a primeira medida abrangente de uma instituição
financeira de repasse de juros menores ao tomador, após o Banco Central ter
reduzido a Selic na semana passada, no primeiro corte da taxa básica em quatro
anos.
O pacote da Caixa também deve incluir o aumento da cota
financiável. Além disso, o maior financiador habitacional do país considera
aceitar como parte da entrada imóveis com valor inferior a 100 mil reais, hoje
o piso praticado pelo banco.
Consultada, a Caixa informou que há medidas em estudo para
estimular o financiamento imobiliário, mas que ainda não houve definição a
respeito.
Outra medida considerada pela Caixa é o uso de um sistema de
amortização que mescla características das tabelas SAC (Sistema de Amortização
Constante) e Price.
Tradicionalmente, a Caixa usa apenas a SAC, entre outras
razões porque o risco de inadimplência é menor, dado que o valor das prestações
é cadente ao longo do tempo.
Porém, como as parcelas iniciais são maiores, especialmente
num período de juros mais altos, muitas propostas de crédito têm sido
recusadas, quando os proponentes não podem pagar uma prestação inicial superior
a 30 por cento da renda familiar.
Como a tabela Price, de prestações constantes, tem parcelas
iniciais menores, várias dessas propostas até então recusadas poderiam ser
aprovadas pela Caixa. A contrapartida é que nesse sistema o juro total pago ao
longo do financiamento é maior.
Por no passado ter sido alvo de processos judiciais
questionando o uso da tabela Price, o banco ainda discute se vai adotar esse
modelo misto.
As medidas vêm no momento em que o setor imobiliário segue
amargando os efeitos da profunda recessão do país, com construtoras apurando
números recordes de distratos e baixando preços para tentarem reduzir estoques.
A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança
(Abecip) prevê que a atividade no setor neste ano seja a pior desde 2009.
Este será o segundo pacote de incentivos da Caixa ao setor
imobiliários em pouco mais de três meses. Em julho, a Reuters antecipou medidas
do banco para o setor, incluindo elevação do teto do valor de imóveis
financiáveis, do percentual da cota e financiável para imóveis de valores
maiores, além de condições facilitadas para construtoras.
A Caixa tem um orçamento original de 93 bilhões de reais para
financiamento imobiliário em 2016, mas na primeira metade do ano só havia
emprestado 39 bilhões de reais.
O governo federal prepara um grande evento para anunciar as
medidas, com a presença do presidente Michel Temer, em meio aos esforços para
melhorar as expectativas com a economia do país.
Essa movimentação levou a Caixa a suspender a assinatura de
um acordo com a construtora MRV, prevista para esta quinta-feira, do primeiro
projeto do faixa 1,5 do programa de habitação popular Minha Casa Minha Vida. (Via: Agência Reuters)
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