Emílio Odebrecht, presidente do conselho de administração do grupo que
leva o seu sobrenome, afirmou em acordo de delação, em fase de negociação, que
o estádio do Corinthians construído pela empreiteira foi uma espécie de
presente ao ex-presidente Lula, torcedor do time. A informação foi divulgada
pela Folha, neste domingo (23).
Segundo o jornal, na versão de Emílio, o “presente” foi uma retribuição
à suposta ajuda de Lula ao grupo nos oito anos em que o petista comandou o
país, de 2003 a 2010. Sob governos do PT, de 2003 a 2015, o faturamento do
grupo Odebrecht multiplicou-se por sete, de R$ 17,3 bilhões para R$ 132
bilhões, em valores nominais (a inflação do período foi de 102%).
Conhecida como Itaquerão, a arena do Corinthians, na zona leste de São
Paulo, foi construída pela empreiteira de 2011 a 2014, quando foi palco da
abertura da Copa do Mundo. Custou R$ 1,2 bilhão, quase 50% acima da estimativa
inicial do projeto, de R$ 820 milhões.
A obra foi financiada por recursos do BNDES (R$ 400 milhões), títulos
autorizados pela Prefeitura de São Paulo (de até R$ 420 milhões) e empréstimos
em bancos privados. Na época, o prefeito era Gilberto Kassab (PSD).
A arena deveria ter arrecadado R$ 112 milhões no ano passado, mas
conseguiu R$ 90 milhões. Se o desempenho se repetir nos próximos anos, o
Corinthians pode perder o estádio para a Odebrecht, segundo contrato do clube e
um fundo que cuida do empreendimento.
Além do caso do estádio, Emílio relata na proposta de acordo de delação
que tinha reuniões com Lula, muitas vezes com frequência mensal. Nesses
encontros, Emílio pediu e obteve o aval de Lula para ajudar a empreiteira a se
expandir por América Latina e África.
O advogado Cristiano Zanin Martins, que cuida da defesa do ex-presidente
Lula, desqualificou o conteúdo das delações negociadas na Operação Lava Jato,
como a de Emílio Odebrecht, executivo do grupo que leva seu nome. "A Lava
Jato não conseguiu apresentar qualquer prova sobre suas acusações contra Lula.
Na ausência de provas, trabalha-se com especulações de delações. Se a delação
já não serve para provar qualquer fato, a especulação de delação é um nada e
não merece qualquer comentário", disse o advogado em nota enviada à Folha.
A Odebrecht, o Corinthians e o deputado Andrés Sanchez não quiseram
comentar o relato de que o estádio do time seria um presente para Lula pela
suposta ajuda ao grupo.
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