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sábado, 28 de janeiro de 2017

CIÊNCIA PARA COMBATER A SECA


O melhoramento genético está sendo a alternativa encontrada por produtores de leite do estado para aumentar a produtividade dos rebanhos no Agreste Meridional. É uma das ações realizadas no intuito de minimizar os problemas causados pelo longo período de estiagem, que foi intensificada nos últimos anos, afetando diretamente a produção leiteira. Os impactos vão desde a falta de insumos para geração da alimentação dos animais até a quantidade final retirada para a comercialização. Dados da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária (Adagro) apontam que no pico da estiagem a queda da produção de leite foi de 70% de um total de 2,5 milhões de litros de leite/dia. Em 2015, chegamos a 1,8 milhão. Já nos últimos meses de 2016 houve uma redução para 1,4 milhão de litros/dia.

“A ideia de melhorar a genética é que se consiga ter animais melhores do ponto de vista de produção e de ficarem adaptados à nossa situação. Não adianta mais eu ter dez animais produzindo o que cinco poderiam produzir. Os animais também estão sofrendo muito com a estiagem prolongada”, enfatizou o analista técnico do Sebrae/PE, Alison Garcia. Dentro do projeto de Gestão Pecuária, a instituição possui um programa de melhoramento genético, além do Fazenda Consciente, que oferece consultoria para os produtores. O projeto já visitou mais de 140 propriedades rurais, em 15 municípios da área de abrangência da Unidade Agreste Meridional.

Entre as opções de melhoramento genético mais utilizado no estado está a de transferência de embrião. “A fertilização ocorre em laboratório e a vaca recebe o embrião, como uma barriga de aluguel. A cria quando nascer vai ter evoluído 16 anos”, explicou Garcia após enfatizar que o processo de produção natural é realizado em paralelo. “O melhoramento é um complemento. Infelizmente, a estiagem chegou ao ponto mais crítico. Não dá apenas para esperar chover. Alguns estudos apontam que, para ter lucro, é preciso ter 80% do rebanho produtivo ou em lactação e 20% em preparação para reprodução. É esta a lógica”, pontuou o analista.

Devido ao longo período sem chuva, na Fazenda Oriente, localizada em Garanhuns, a produção de leite foi reduzida pela metade. “Hoje produzimos 300 litros por dia mas já chegamos a 600 litros”, conta Humberto Freitas, proprietário da unidade, que possui 180 hectares e 100 animais. O melhoramento genético foi uma das alternativas encontradas para que a produção não despencasse ainda mais. “Já fiz inseminação, transferência de embrião e monta natural. Invisto nos três tipos de reprodução para ir evoluindo na proporção necessária”, pontua. Toda a produção do empreendimento é vendida para a indústria. “O preço de venda é imprevisível. Temos que escoar porque é um produto perecível e não dura nem 24h. Então, a negociação e entrega é diária”, diz.

O produtor João Feitosa, proprietário da Fazenda Jacaré, localizada no distrito de Miracica, em Garanhuns, vem realizando o processo há uns três anos em seu rebanho. “Em um primeiro momento investi na inseminação de quatro embriões, em seguida mais duas e, agora, mais quatro. É um processo lento, mas que dá retorno. São animais já testados, com uma produção média de 30 litros por dia. Normalmente é de 15 litros”, detalhou. Hoje, a propriedade de Feitosa conta com uma área de 27 hectares e 60 animais.

“Eu tenho a fazenda desde 1984. Já enfrentei muitas secas. Em 1988, tive inclusive que vender 26 hectares porque a conta não fechava. Então comecei a investir em diversos projetos para aumentar a produtividade.” Atualmente, a produção diária é de 300 litros. “Eu divido a minha produção. Pela manhã, realizo a negociação direta com o cliente, à tarde vendo para a indústria”, detalha. (Via: Diário de PE)

Blog: O Povo com a Notícia