O melhoramento
genético está sendo a alternativa encontrada por produtores de leite do estado
para aumentar a produtividade dos rebanhos no Agreste Meridional. É uma das
ações realizadas no intuito de minimizar os problemas causados pelo longo
período de estiagem, que foi intensificada nos últimos anos, afetando
diretamente a produção leiteira. Os impactos vão desde a falta de insumos para
geração da alimentação dos animais até a quantidade final retirada para a
comercialização. Dados da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária
(Adagro) apontam que no pico da estiagem a queda da produção de leite foi de
70% de um total de 2,5 milhões de litros de leite/dia. Em 2015, chegamos a 1,8
milhão. Já nos últimos meses de 2016 houve uma redução para 1,4 milhão de litros/dia.
“A ideia de melhorar a genética
é que se consiga ter animais melhores do ponto de vista de produção e de
ficarem adaptados à nossa situação. Não adianta mais eu ter dez animais
produzindo o que cinco poderiam produzir. Os animais também estão sofrendo
muito com a estiagem prolongada”, enfatizou o analista técnico do Sebrae/PE,
Alison Garcia. Dentro do projeto de Gestão Pecuária, a instituição possui um
programa de melhoramento genético, além do Fazenda Consciente, que oferece
consultoria para os produtores. O projeto já visitou mais de 140 propriedades
rurais, em 15 municípios da área de abrangência da Unidade Agreste Meridional.
Entre as opções de melhoramento
genético mais utilizado no estado está a de transferência de embrião. “A
fertilização ocorre em laboratório e a vaca recebe o embrião, como uma barriga
de aluguel. A cria quando nascer vai ter evoluído 16 anos”, explicou Garcia
após enfatizar que o processo de produção natural é realizado em paralelo. “O
melhoramento é um complemento. Infelizmente, a estiagem chegou ao ponto mais
crítico. Não dá apenas para esperar chover. Alguns estudos apontam que, para
ter lucro, é preciso ter 80% do rebanho produtivo ou em lactação e 20% em
preparação para reprodução. É esta a lógica”, pontuou o analista.
Devido ao longo período sem
chuva, na Fazenda Oriente, localizada em Garanhuns, a produção de leite foi
reduzida pela metade. “Hoje produzimos 300 litros por dia mas já chegamos a 600
litros”, conta Humberto Freitas, proprietário da unidade, que possui 180 hectares
e 100 animais. O melhoramento genético foi uma das alternativas encontradas
para que a produção não despencasse ainda mais. “Já fiz inseminação,
transferência de embrião e monta natural. Invisto nos três tipos de reprodução
para ir evoluindo na proporção necessária”, pontua. Toda a produção do
empreendimento é vendida para a indústria. “O preço de venda é imprevisível.
Temos que escoar porque é um produto perecível e não dura nem 24h. Então, a
negociação e entrega é diária”, diz.
O produtor João Feitosa,
proprietário da Fazenda Jacaré, localizada no distrito de Miracica, em
Garanhuns, vem realizando o processo há uns três anos em seu rebanho. “Em um
primeiro momento investi na inseminação de quatro embriões, em seguida mais
duas e, agora, mais quatro. É um processo lento, mas que dá retorno. São
animais já testados, com uma produção média de 30 litros por dia. Normalmente é
de 15 litros”, detalhou. Hoje, a propriedade de Feitosa conta com uma área de
27 hectares e 60 animais.
“Eu tenho a fazenda desde 1984.
Já enfrentei muitas secas. Em 1988, tive inclusive que vender 26 hectares
porque a conta não fechava. Então comecei a investir em diversos projetos para
aumentar a produtividade.” Atualmente, a produção diária é de 300 litros. “Eu
divido a minha produção. Pela manhã, realizo a negociação direta com o cliente,
à tarde vendo para a indústria”, detalha. (Via: Diário de PE)
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