Por Josias de Souza
Preso desde novembro, Sérgio
Cabral, ex-governador do Rio, tornou-se um freguês da Lava Jato. Ignorando seus
desmentidos, os investigadores levaram à vitrine um esquema que lavou, engomou
e enviou para fora do país pelo menos US$ 100 milhões desviados do erário
fluminense. Um dos comparsas de Cabral, o ex-bilionário Eike Batista, é
considerado foragido. Com o teto do seu bunker de fantasias a desabar-lhe sobre
a cabeça, Cabral sinaliza a intenção de tornar-se um delator. Em troca, quer
deixar o ambiente inóspito da hospedaria de Bangu's Inn.
A delação tem mais lógica quando o peixe miúdo entrega os
tubarões. Adepto do estilo ‘propina-ostentação’, Cabral não é propriamente uma
sardinha. Tratá-lo como um personagem menor, a essa altura, seria como tentar
acomodar uma baleia dentro de uma banheira jacuzi. Conceder-lhe benefícios
judiciais num instante em que o governo do Rio, quebrado, reivindica socorro da
União seria uma zombaria com a sociedade fluminense, com a população brasileira
e com a própria lógica. Alguém tem que ser punido exemplarmente.
Blog: O Povo com a Notícia