O Ministério da Educação anunciou nesta quinta-feira (12) um reajuste de
7,64% no piso salarial dos professores do país.
Com o aumento, o menor valor a ser pago a esses profissionais deve
passar dos atuais R$ 2.135,64 para R$ 2.298,80.
A implementação do novo valor, porém, vai depender de cada Estado.
Um levantamento feito em 2016 pela CNTE (Confederação Nacional
dos Trabalhadores em Educação) mostrou que mais da metade dos Estados
brasileiros não pagam o piso.
O reajuste deste ano ficou 1,35 ponto percentual acima do índice da
inflação do ano passado, que foi de 6,29%. Em 2016, ainda sob a gestão da
ex-presidente Dilma Rousseff, o salário teve um reajuste de 11,36%, passando de
R$ 1.917,78, em 2015, para R$ 2.135,64. A inflação acumulada no período foi de
10,67% (ganho real de 0,69 ponto percentual).
O reajuste vai representar um gasto adicional de pelo menos R$ 5,083
bilhões aos municípios brasileiros em 2017, segundo cálculos da Confederação
Nacional dos Municípios (CNM). O aumento ocorre justamente em meio às
dificuldades enfrentadas por prefeitos para equacionar as contas diante da
crise econômica.
Questionado sobre isso, o ministro da Educação, Mendonça Filho, disse
que cumprir o piso é obrigação nacional. “As redes municipais e estaduais têm
obrigação de cumprir a legislação federal. Sabemos que o contexto atual é de
dificuldade financeira, mas governo federal tem empreendido esforços para
passar recursos que ajudem na receita para a área da educação dos Estados e
municípios”, declarou.
Em entrevista coletiva, Mendonça Filho reforçou que o governo federal
antecipou, no fim do ano passado, R$ 1,5 bilhão do Fundeb (Fundo de Manutenção
e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação).
Contrariando o que diz o levantamento do CNTE, o presidente do Consed
(Conselho Nacional dos Secretários de Educação), Frederico Amâncio, afirmou que
quase a totalidade dos Estados cumpre sim o piso nacional. “Eu diria que
praticamente todos Estados cumprem esse valor mínimo. Agora, outra discussão é
se eles estão aplicando o percentual de reajuste do piso como reajuste salarial
[das demais faixas]”, disse.
Já o presidente da CNTE, Roberto Leão, disse que o tema é bastante
controverso. “Os Estados declaram [ao MEC] que cumprem com o piso. Mas se a
gente for pesquisar direitinho, se for avaliar Estado a Estado, vamos ver que
os dados são divergentes e controversos, porque a Lei do Piso não fala apenas
do mínimo a ser pago, mas da jornada de trabalho, do percentual para cumprimento
da hora/atividade, entre outras questões”, afirmou.
Segundo a tabela divulgada pela CNTE, Alagoas, Goiás, Maranhão,
Paraíba, Paraná, São Paulo, Tocantins e Rio Grande do Sul não cumpriam o valor
do piso apenas para os professores com formação de nível médio, mas aqueles com
formação superior recebiam o valor atualizado.
Já Bahia, Ceará, Rio de Janeiro, Rondônia e Pernambuco não pagavam o
valor no vencimento, como estipula a lei, mas cumprem o valor
na remuneração, ou seja, acrescentando gratificações e complementações.
Espírito Santo não cumpria o valor estipulado para 2016 nem mesmo
na remuneração.
O piso é pago para profissionais com formação de nível médio, em início
de carreira, que têm carga horária de 40 horas semanais.
O reajuste é anual e acontece sempre em janeiro, de acordo com a Lei do
Piso, de 2008. A legislação assegura que o piso deve ser reajustado seguindo a
variação no valor anual mínimo nacional investido por aluno da educação básica,
que no ano passado foi de R$ 2.739,77. Esse valor é definido pelo Fundeb (Fundo
de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais de Educação).
Quando a lei foi criada, o salário inicial do professor foi fixado em R$
950,00, que considerando a inflação acumulada de julho de 2008 até dezembro de
2016 seria R$ 1.602,49 nos dias de hoje. Pela lei, os demais níveis de carreira
dos professores têm o aumento negociado em cada ente federativo.
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