O nível baixo dos reservatórios está obrigando os brasileiros há começar
o ano pagando uma conta de luz mais cara.
Sinal vermelho para o desperdício. A aposentada Natália Dias passou a
enxergar as luzinhas que mostram os aparelhos ligados mesmo sem uso como
inimigas do orçamento e vai começar a desligar tudo para tentar economizar
ainda mais na conta de luz.
Ela já restringiu ao máximo o uso do ferro de passar e da máquina de
lavar: só uma vez por semana.
“Eu estou aposentada, imagina. O aposentado não tem para onde correr”.
De julho a dezembro de 2019, a conta de luz de todo mundo ficou mais
cara por causa dos reservatórios baixos nas hidrelétricas. Nessa situação, as
usinas não podem operar na capacidade máxima para não haver risco de
desabastecimento de água.
O Operador Nacional do Sistema aciona as usinas termelétricas, que usam
gás e óleo, por exemplo, e têm geração mais cara. Aí entram as bandeiras
tarifárias para compensar esse custo e nós pagamos.
O acionamento da bandeira amarela representa R$ 1,34 a mais a cada
100kwh consumidos.
De dezembro para cá, o Brasil dobrou a produção de energia por
termelétrica, na comparação com o mesmo período de 2018. O que se esperava é
que agora, em janeiro, tradicionalmente um mês de muita chuva, os reservatórios
e as tarifas voltassem ao normal.
Nem um nem outro. Os reservatórios de hidrelétricas do Sudeste e
Centro-Oeste registram o menor nível de armazenamento desde 2015.
Entramos o ano novo com a tarifa amarela, o que não tinha acontecido no
início de 2019.
“Se essa situação continuar ou até piorar um pouco, não chover nos
locais que tem que chover, nos reservatórios, vou ter que colocar mais
térmicas, térmicas caras. Cada vez que coloca usinas mais caras, vai ter mais
custo para o consumidor. Acho que o modelo do setor elétrico brasileiro tem que
ser discutido tecnicamente para ter as boas soluções para o consumidor”, disse
o professor da UFRJ Renato Queiroz.
Apesar do calorão que está fazendo no Rio a dona Natália tomou uma
decisão um pouco mais radical. O ar condicionado agora só é ligado na hora de
dormir e por 20 minutos. Quando o quarto dá aquela esfriada, ela desliga o
aparelho e liga o ventilador.
Faz isso nos três quartos e garante que a medida deu um refresco para
todo mundo e principalmente para a conta de luz. Só espera que não precise
abrir mão de todo o conforto para a família por muito mais tempo.
“Um calor danado, a gente não tem para onde correr. É água gelada, é
ventilador. Enfim, ninguém consegue viver. Menos que isso eu não posso fazer”,
disse a aposentada. (Via: G1)
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