Prevista para esta segunda -feira (1º), a greve dos caminhoneiros não provocou bloqueio de rodovias no começo da manhã. Segundo líderes da categoria, decisões judiciais inibiram o fechamento de estradas, mas eles garantem que a paralisação está acontecendo.
Houve tentativas de bloqueios em São Paulo e no Espírito Santo, mas elas não se concretizaram. O Ministério da Infraestrutura informou que "não há registro de nenhuma ocorrência de bloqueio parcial ou total em rodovias federais ou pontos logísticos estratégicos" por parte do movimento dos caminhoneiros autônomos.
Segundo a pasta, a PRF (Polícia Rodoviária Federal) precisou escoltar cerca de 25 caminhões que chegavam ao porto de Santos, durante a madrugada, porque manifestantes na via de acesso ao local estavam tentando atirar pedras nos veículos. O grupo estava em um protesto dispersado horas antes pela Polícia Militar.
Entre as reivindicações dos caminhoneiros estão a redução no preço do diesel, o cumprimento do piso mínimo do frete e a volta da aposentadoria especial para a categoria (leia abaixo).
TENTATIVA DE BLOQUEIOS
Durante a madrugada de hoje, alguns caminhoneiros tentaram bloquear as estradas que dão acesso ao Porto de Santos (SP).
Manifestantes chegaram a impedir que alguns caminhões entrassem no principal porto brasileiro, mas a PRF (Polícia Rodoviária Federal) dispersou o movimento ao apresentar a liminar da Justiça que impede que motoristas sejam abordados.
A decisão da juíza federal substituta Marina Sabino Coutinho, da 1ª Vara de São Vicente, estabeleceu uma multa diária de R$ 10 mil para pessoas físicas e R$ 100 mil para pessoas jurídicas caso as estradas e rodovias que ligam o Porto de Santos sejam bloqueadas por caminhoneiros hoje e nos próximos sete dias.
Também houve manifestações em outros locais, como no km 92 da Rodovia Presidente Dutra, na altura de Pindamonhangaba (SP), durante a madrugada.
De acordo com o motorista Valdemir Alves, que fez o trajeto entre São Paulo e o Rio de Janeiro, os grevistas "não estão bloqueando as rodovias, só fazendo manifestação".
Também há um ponto de concentração na BR-116, na região de Itaitinga, no Ceará, mas sem bloqueios. A PRF disse que também impediu um bloqueio no Porto de Capuava (ES).
Ainda segundo a polícia, havia dois pontos de concentração às margens da Dutra (a BR-116), em Barra Mansa (RJ), e às margens da BR-153, próximo a Goiânia. Mais cedo houve concentração na BR-101, na região de Rio Bonito (RJ), mas ele foi dispersado.
Também houve um bloqueio na BR-101, em Jaboatão dos Guararapes (PE), nos dois sentidos da pista. O protesto, porém, não tem relação com o movimento dos caminhoneiros: de acordo com a PRF, o bloqueio foi mobilizado em apoio a uma mulher que teve o filho levado pelo pai após uma ordem judicial. A via, porém, foi liberada pela manhã.
Justiça impede bloqueios, dizem lideranças.
Líderes dos caminhoneiros autônomos afirmaram que a categoria está de greve, apesar de não haver registro de bloqueios.
Em vídeo enviado ao UOL, o diretor da CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística), Carlos Alberto Litti Dahmer, mostrou o movimento de caminhões na BR-285, no trevo em Ijuí (RS), com a ERS-342, por volta das 6h da manhã.
"Movimento tranquilo. A categoria apoiou, ficou em casa e não está rodando. Este trajeto tem mais de 7.000 veículos diários. A coisa pegou, porque não dá mais para suportar. Os caminhões que ainda estão rodando, em sua minoria, ao chegarem aqui são convidados democraticamente a aderirem ao movimento", afirmou.
Segundo o presidente da Abrava (Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores), Wallace Landim, a categoria está tentando juridicamente garantir o direito de greve. "Estamos trabalhando para derrubar no Supremo Tribunal Federal (STF) as liminares", afirmou o líder dos caminhoneiros que é mais conhecido como Chorão.
A CNTTL, a Abrava e a CNTRC (Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas) foram proibidas pela Justiça em 20 estados de fazerem bloqueios em estradas e rodovias federais, de acordo com o Ministério da Infraestrutura. A medida também vale para portos e refinarias, como o Porto de Santos (SP) e o Porto de Suape (PE).
A União conseguiu 29 liminares impedindo o bloqueio em São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, Rondônia, Amazonas, Pará, Maranhão, Rio Grande do Norte, Alagoas, Paraíba, Piauí e Bahia. As multas podem chegar a R$ 1 milhão por pessoa jurídica que apoiar a paralisação das estradas.
Em Pernambuco, a Justiça não fixou multa para o movimento grevista, mas disse que o Estado tem o dever de garantir a livre circulação em rodovias. A liminar expedida pelo juiz federal Allan Endry Veras Ferreiras relembra que paralisar estradas é uma violação do CBT (Código Brasileiro de Trânsito).
Segundo Carlos Alberto Litti Dahmer, não há bloqueio nas estradas exatamente por conta do valor das multas fixado pela Justiça Federal. "Ninguém é maluco de botar o pé na rodovia, bloquear e ser autuado com R$ 100 mil de multa", disse. Porém, ele diz acreditar que há forte adesão por parte dos caminhoneiros autônomos.
O QUE QUEREM OS CAMINHONEIROS