Oropouche é um vírus transmitido por vetores e se propaga entre as pessoas principalmente por meio da picada de um inseto comumente conhecido como maruim (Culicoides paraensis). Com o alerta para o aumento no número de casos da febre oropouche no Brasil, especialistas estão preocupados com a dificuldade para combater o maruim e orientar sobre medidas de prevenção.
"É difícil ter um repelente totalmente eficiente contra o maruim. Ainda assim, recomendamos o uso desses produtos, por menor que seja a proteção", disse o infectologista Bruno Ishigami, secretário-executivo de Vigilância em Saúde e Atenção Primária de Pernambuco.
Ele falou sobre o assunto nesta quinta-feira (1º), durante o 1º Seminário sobre Oropouche em Pernambuco, no Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz PE), na Cidade Universitária, Zona Oeste do Recife.
"Estamos diante de um evento novo. Ao que parece, temos uma situação semelhante ao zika vírus", destacou Ishigami, ao fazer referência às interrogações que a ciência tinha, em 2015 e 2016, quando o zika começou a ser associado aos casos de microcefalia.
Preocupado com o cenário de crescimento da febre oropouche, o infectologista ressaltou a dificuldade que existe para mapear locais de circulação do vírus. "Onde está circulando o maruim infectado? É um vetor que possivelmente não conseguiremos controlar."
As medidas recomendadas para evitar a transmissão por meio de picadas incluem proteger as casas com redes de malha fina nas portas e janelas, bem como em camas e móveis onde as pessoas. "Orientamos a população, especialmente as gestantes, a usar roupas que cubram pernas e braços e a aplicar repelentes à base de icaridina. Um detalhe importante é que os maruins são pequenos demais, e as redes tradicionais para mosquito não protegem contra picadas deles."
Até o momento, Pernambuco desponta na lista dos 10 Estados com o maior número de casos. Ele é o 8º com mais confirmações da infecção: 89. Além disso, Pernambuco se sobressai na rota de alerta epidemiológico porque registra dois casos de óbitos fetais infectados pelo vírus.
Até o momento, o Brasil é o único país a relatar possíveis casos de transmissão de oropouche de mãe para feto durante a gravidez. A única observação semelhante anterior foi durante um surto da doença em Manaus, entre 1980 e 1981, onde o vírus foi detectado em nove mulheres grávidas e dois abortos.
Como a febre oropouche se manifesta?
Os sintomas incluem início súbito de febre, dor de cabeça, rigidez nas articulações, dores no corpo e, em alguns casos, fotofobia, diplopia (visão dupla), náusea e vômitos persistentes.
Essas manifestações podem durar de cinco a sete dias. Raramente, casos graves podem incluir meningite. A recuperação completa pode levar várias semanas.
Existe tratamento para oropouche?
Atualmente, não existe um tratamento específico para oropouche. A avaliação por um profissional de saúde é fundamental para cuidar dos sintomas e evitar a evolução da doença.
Como oropouche tem manifestações clínicas semelhantes às da dengue e de outros arbovírus, é importante que os profissionais de saúde reforçarem a atenção neste momento.
Medidas recomendadas incluem proteger as casas com redes de malha fina nas portas e janelas, bem como em camas e móveis onde as pessoas descansam; usar roupas que cubram pernas e braços; aplicar repelentes com DEET, IR3535 ou icaridina.
Como os maruins são muito menores que os mosquitos, as redes tradicionais para mosquitos não protegem as picadas.
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