A base do Partido dos
Trabalhadores (PT) deve pressionar a presidente Dilma Rousseff, além do que já
enfrenta sobre a ameaça do impeachment e o aperto da Lava Jato.
Segundo
a Folha de S. Paulo, o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) deve
divulgar um manifesto, nesta segunda-feira (07), anunciando protestos, bloqueios
de vias, novos acampamentos e atividades em construções públicas contra o
governo.
O
texto declara que a petista tem encampado as reivindicações da elite, mas não
há mais expectativas de que ela dê uma guinada à esquerda e que, por isso, “as
pautas da direita serão enfrentadas nas ruas, sem tréguas e com radicalidade”.
As
“Iniciativas como a reforma da Previdência, a reforma fiscal, o acordo com o
PSDB em relação ao pré-sal e a lei antiterrorismo são expressões de um governo
que parece não ter mais limites na entrega de direitos sociais”, afirma a
declaração. Paralelo as centrais sindicais, o MTST foi um dos
movimentos que mais levou manifestantes ao ato contra o impeachment de Dilma,
em dezembro.
O
movimento, naquela altura, já criticava o ajuste fiscal promovido pelo governo,
tendo como alvo o ex-ministro Joaquim Levy (Fazenda), mas evitava ser mais duro
com Dilma. Porque temia expô-la ainda mais à “direita pró-impeachment” e
depois, porque tinha expectativa de que a petista ainda pudesse aderir a
reformas “mais à esquerda”, o que não ocorreu.
“Por
causa dessa guinada [à direita] o governo viu evaporar a sua base social. Ficou
com o ônus e não recebeu o bônus. Perdeu a base, o rumo político e ainda assim
ficou sem a dita governabilidade”, diz o texto do MTST.
As
manifestações, prometidas para março e abril, tem força para minar ainda mais a
base social do governo Dilma. Os sem-teto pretendem dialogar com outros
movimentos sociais para encorpar os atos.
O
argumento adotado para sensibilizar sua própria base será o corte de
investimentos no Minha Casa, Minha Vida, principalmente o programa habitacional
do governo federal. “Em 2015, não houve praticamente nenhuma contratação do
Minha Casa, Minha Vida faixa 1 [para as famílias mais pobres]”, disse Guilherme
Boulos, coordenador do MTST e colunista da Folha.
O
descontentamento do movimento se deve ao fato de que em São Paulo uma das
modalidades do Minha Casa é executada sob responsabilidade do MTST. O grupo
ganha o terreno da prefeitura, contrata a empresa que fará a construção das
moradias e indica quais famílias irão receber as casas.
Mesmo
tendo enrijecido o discurso contra o governo, o MTST não aderirá aos protestos
pró-impeachment, como o marcado para o próximo domingo (13). “Da nossa parte,
não há nenhuma identidade com as manifestações da direita. Nós criticamos o
governo Dilma pelos motivos opostos. Nesse sentido, não há possibilidade de
junção com esses movimentos”, falou Boulos. A declaração também vai criticar a
maneira como está sendo conduzida a Operação Lava Jato, principalmente em
relação ao ex-presidente Lula, porém não entrará no âmbito das acusações.
“Em
nome do legítimo anseio de combate à corrupção, esta operação tem consolidado o
abuso pelo Poder Judiciário em relação a garantias constitucionais –tal como na
recente condução coercitiva do ex-presidente Lula sem qualquer intimação
prévia.” “A perseguição a Lula […] tem também outro significado: simboliza o
esgotamento da política de conciliação no Brasil”, conlui.
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