Desde que foram alvejadas pela Operação Lava Jato, há pouco mais de dois
anos, a Petrobras e suas subsidiárias demitiram 169,7 mil pessoas, de acordo
com informações divulgadas pelo jornal Folha, nesta terça-feira (29). O corte
já representa o equivalente a 61% da equipe atual, que estava em 276,6 mil em
fevereiro de 2016.
Em dezembro de 2013, eram 446,3 mil pessoas, de cada 10 trabalhadores
empregados antes da Lava Jato, 4 foram dispensados. Os dados foram compilados pelo jornal, a
partir de dados apresentados ao conselho de administração da estatal e da
pesquisa nos relatórios publicados pela empresa nos últimos 12 anos. Os números
mostram que, em meio à euforia das enormes reservas do pré-sal, a estatal saiu
de 198,9 mil funcionários em 2004 para o recorde de 446,3 mil em 2013.
Os cortes começaram ainda em 2014, último ano da gestão Graça Foster,
quando 74,3 mil perderam o emprego, e se intensificaram sob comando de Aldemir
Bendine, que cortou 95,4 mil até fevereiro deste ano. Após as demissões, a
Petrobras está hoje com um efetivo semelhante ao de 2007. A Petrobras disse por
meio de nota que "está reduzindo seu nível de investimento e gasto
operacional, o que acaba refletindo na contratação de serviços e em ajuste nos
empregados próprios".
Uma análise dos cortes mostram que 85% das demissões ocorreram entre
prestadores de serviço que realizavam obras para a companhia. Esse contingente
caiu de 175,8 mil pessoas em dezembro de 2013 para apenas 30,8 mil em fevereiro
de 2016. A Petrobras foi obrigada a cortar drasticamente os investimentos para
preservar seu caixa e tentar reduzir suas dívidas, que giram hoje ao redor de
US$ 100 bilhões. Além disso, grandes obras foram paralisadas ou reduzidas com
as denúncias de pagamento de propina pelas empreiteiras a ex-funcionários da
empresa e a políticos.
Segundo a reportagem, a Petrobras finaliza uma reestruturação que deve
ser analisada pelo conselho de administração nesta quarta-feira (30). Os cargos
executivos podem ser reduzidos em 40%, o que vai provocar demissões e redução
de despesas, como viagens ou aluguéis. A estatal está devolvendo uma de suas
sedes no Rio e prédios em outros Estados.
O corte vai atingir empregados próprios e terceirizados administrativos
e de operação, áreas em que até agora as demissões foram tímidas. O contingente
de pessoal próprio caiu 8,7%, para 78,6 mil pessoas, entre dezembro de 2014 e
fevereiro de 2016. No mesmo período, a redução nos terceirizados das áreas
administrativas e de operação foi de 9,3%.
No ano passado, a Petrobras demitiu 6.000 funcionários administrativos.
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