O presidente Donald Trump afirmou nesta terça-feira (19) que vai apoiar
a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico) e discutir com o presidente Jair Bolsonaro uma possível intervenção
militar na Venezuela.
Dentro do Salão Oval, na Casa Branca, Trump repetiu que sabe o que quer
quando o assunto é Venezuela e que “todas as opções estão sobre a mesa” diante
da crise no país latinoamericano.
O americano admitiu, no entanto, que Brasil e EUA têm “opções
diferentes” e precisam conversar profundamente sobre o assunto.
“Eu sei exatamente o que quero que aconteça na Venezuela. Nós temos
opções diferentes sobre a Venezuela, vamos conversar sobre elas. Todas as
opções estão sobre a mesa. É uma vergonha o que está acontecendo na Venezuela,
toda a crise e fome, vamos falar sobre isso em profundidade”, disse Trump ao
lado de Bolsonaro, no Salão Oval da Casa Branca.
Indagado diretamente sobre um possível apoio do Brasil à ação militar na
Venezuela, Trump disse que era preciso “discutir isso”.
A ala militar do governo brasileiro é contrária a uma intervenção que
extrapole a ajuda humanitária na fronteira e temia que Bolsonaro, ao ser
sondado diretamente por Trump, sinalizasse algo diferente disso.
Por outro lado, a outra aposta do Planalto parece ter funcionado:
questionado por jornalistas sobre declarar ou não apoio ao ingresso do Brasil
na OCDE, o presidente americano disse que, sim, “estou apoiando o Brasil”.
O governo americano estava dividido quanto ao apoio, mas também avaliava
que Trump poderia declarar algo mais assertivo quando estivesse ao lado de
Bolsonaro. Há dúvidas sobre a declaração do presidente significar um suporte
formal dos EUA ao desejo do Brasil — ou somente um aceno pessoal de Trump.
O Representante do Comércio é contra a entrada do Brasil — Guedes
confirmou isso nesta terça — e Mike Pompeo, secretário de Estado, advoga a
favor.
Por fim, ao ser perguntado por repórteres, o americano disse que está
pensando em facilitar vistos para brasileiros entrarem nos EUA, mas logo mudou
de assunto. O Brasil liberou a necessidade de visto para cidadãos americanos
viajarem ao Brasil sem pedir contrapartida.
“Também estamos pensando em facilitar os vistos, mas o comércio que
temos com o Brasil não é tão bom como deveria ser. Temos que trabalhar para que
seja o melhor possível”, disse o americano.
Bolsonaro chegou às 12h02 à Casa Branca, onde foi recebido por Trump
para reunião e almoço. Antes disso, os dois trocaram camisetas de futebol e
lembraram do histórico de Pelé, na presença de jornalistas.
“Eu ainda lembro do Pelé”, disse Trump. “Eu sou um pouco mais novo, mas
também lembro do Pelé”, retrucou Bolsonaro ao estender uma camisa 10 da seleção
brasileira de futebol. O número era usado pelo ex-jogador do Santos, que
encerrou a carreira nos EUA, no Cosmos, de Nova York.
Bolsonaro voltou a dizer que depois de décadas de antiamericanismo,
agora o Brasil tem um presidente próximo aos EUA.
“O Brasil mudou a partir de 2019. E obviamente temos muito a conversar,
muita coisa a oferecer um para o outro para o bem dos nossos povos”, disse o
presidente.
“Temos muito em comum com o senhor Donald Trump e isso para mim é motivo
de orgulho e satisfação. Ele quer uma América grande, como eu quero um Brasil
grande também.”
Trump abriu a reunião dizendo que “nunca Brasil e EUA estiveram tão
próximos”.
Além dos dois intérpretes, o encontro no Salão Oval teve a presença do
deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). O chanceler Ernesto Araújo não
estava na reunião. (Folhapress)
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