A autoridade de aviação do Irã
disse que não entregará aos Estados Unidos as caixas-pretas do avião que caiu
em Teerã na manhã desta quarta-feira (8). O voo PS752, da companhia UIA
(Ukraine International Airlines) decolou às 6h12 na hora local (23h42 de terça
em Brasília) e seguia para Kiev. Ele caiu cinco minutos após deixar o aeroporto
de Teerã e percorrer cerca de 45 km. As 176 pessoas a bordo morreram.
"Não daremos as caixas-pretas ao fabricante [Boeing] nem aos
norte-americanos", disse Ali Abedzadeh, diretor da autoridade de
aviação iraniana, citado pela agência Mehr.
O avião acidentado era um Boeing 737-800, um dos modelos mais usados na
aviação global. É praxe que o fabricante de uma aeronave acidentada participe
das investigações, como modo de buscar meios de prevenir novos acidentes. A
Boeing tem sede nos EUA, e a autoridade de aviação civil norte-americana costuma
participar das investigações de acidentes aéreos em outros países.
O piloto não chegou a declarar emergência nem pedir ajuda à torre de
controle, segundo a autoridade de aviação civil do Irã. A mídia do país
divulgou relatos de que o acidente foi causado por problemas técnicos. O
Irã é alvo de fortes sanções dos EUA, que impedem negócios e parcerias entre os
dois países em diversas áreas.
A queda do avião ocorreu cerca de cinco horas depois que o Irã disparou
mísseis contra bases americanas no Iraque, em resposta à um ataque dos EUA que
matou o general Qassim Suleimani, principal autoridade militar iraniana.
As autoridades da Ucrânia e do Irã disseram que investigam as causas do
acidente. A embaixada da Ucrânia descartou a possibilidade de terrorismo e
inicialmente informou que teria ocorrido uma falha no motor do avião. No
entanto, depois apagou a mensagem e disse que é preciso esperar as
investigações para poder dizer, de modo oficial, quais foram as razões da
queda.
"Peço a todos que evitem especulações e versões não verificadas da
catástrofe", escreveu o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, em uma
rede social. A aeronave acidentada, um Boeing 737-800NG, com três anos de uso,
havia passado pela última manutenção na segunda-feira (6), sem registros de
problemas, segundo a companhia aérea.
Devido aos ataques, diversas companhias deixaram de sobrevoar os
territórios do Irã e do Iraque. Voos para a região das empresas Lufthansa,
Emirates e Flydubai foram cancelados. A FAA (Agência norte-americana de aviação
civil) proibiu companhias aéreas dos EUA de circular na região. A Boeing
enfrentou uma grave crise no ano passado, depois que dois aviões 737 MAX,
fabricados pela empresa, caíram minutos após a decolagem, em acidentes que
ocorreram com poucos meses de diferença. (Via: Folhapress)
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