Filho do ex-governador Eduardo Campos, João Campos (PSB) foi eleito o novo prefeito do Recife neste domingo (29). Com 56,21% das urnas apuradas, ele tinha 428.922 votos e venceu a prima de segundo grau e candidata pelo PT, Marília Arraes, que ficou com 43,79% dos votos válidos no mesmo momento da apuração.
O prefeito eleito do Recife tem 27 anos e será, ao assumir o cargo no dia 1º de janeiro, o mais novo a chefiar ao Executivo municipal da cidade.
A ex-vereadora Isabella de Roldão (PDT) foi eleita vice-prefeita do Recife. Será a primeira mulher a ocupar o cargo.
Em 2020, as eleições ocorreram em meio à pandemia do novo coronavírus. No primeiro turno, a campanha eleitoral começou com determinação para que os candidatos a prefeito e a vereador das cidades fizessem atos respeitando o distanciamento social.
No entanto, a medida não se mostrou efetiva em parte e, desde o dia 30 de outubro, o Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) proibiu atos de campanha de rua no estado. A restrição se estendeu para o segundo turno.
João Campos desde o início da campanha eleitoral, em setembro, se apresentou na liderança nas pesquisas de opinião. O candidato apareceu com cerca de 30 pontos percentuais, entre oscilações positivas e negativas, com estabilidade na posição. A vaga do socialista era considerada praticamente certa em eventual segundo turno na cidade, o que se confirmou, tanto pelos aliados quando pelas candidaturas de oposição.
Isso porque o candidato contou a seu favor, além da máquina da atual gestão, com o maior tempo de TV.
Embora tenha o prefeito Geraldo Julio como aliado, a campanha de João Campos evitou utilizar a imagem do mandatário no 1º turno, coincidentemente ao mesmo tempo em que a rejeição do prefeito é considerada elevada, pois 60% dos recifenses desaprovam a sua gestão, segundo o Ibope.
Geraldo Julio é potencial candidato a governador de Pernambuco em 2022 e a vitória de João Campos no Recife no 2º turno fomenta o palanque da postulação daqui a dois anos no estado, na sucessão de Paulo Câmara.
O PSB governa Pernambuco desde 2007 e pretende ampliar a hegemonia nas próximas eleições estaduais.
O tom da campanha de João Campos no 1º turno foi utilizar projetos de educação, imagens de reuniões com movimentos e de visitas aos bairros e comunidades do Recife. O candidato, de 26 anos de idade, disse que não observa a juventude como um problema, mas sim como “parte de uma solução”.
Na reta final, estagnado nas pesquisas de intenções de voto, o candidato intensificou o uso da imagem do pai, o ex-governador Eduardo Campos, morto em acidente aéreo em meio à campanha presidencial em 2014.
O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), também não apareceu com frequência nos atos de rua de João Campos, bem como na propaganda eleitoral em veículos de comunicação.
Ao mesmo tempo que opositores se atacavam, no primeiro turno, a campanha de João Campos evitou partir para o ataque diretamente contra algum adversário no primeiro turno e ficou alheia às trocas de farpas.
No segundo turno, o tom mudou.
Largando atrás segundo as pesquisas de intenções de voto, a campanha do candidato do PSB adotou como estratégia o antipetismo na capital, sobretudo no eleitorado conservador e da classe média.
Uma guerra de liminares ocorreu na Justiça entre as campanhas de João Campos e de Marília Arraes com tentativas de barrar propagandas na televisão e no rádio. Houve êxito para as duas coligações em alguns casos e reveses em outros.
Também houve difusão de panfletos apócrifos em frente a igrejas e templos religiosos com mensagens apontando a candidata Marília Arraes como contrária ao cristianismo e contra a Bíblia. A autoria não foi identificada pela Justiça Eleitoral, mas um magistrado determinou que a campanha de João Campos se abstivesse de divulgar os materiais e se prontificasse a evitar a sua disseminação pela cidade.
Na última semana da campanha, a Folha de S.Paulo disse que servidores da Prefeitura do Recife foram convocados para trabalhar na campanha de João Campos. O jornal Valor Econômico disse que o secretário municipal de Administração, Marconi Muzzio, convocava diretamente seus subordinados para participar de distribuição de material de campanha nas ruas do Recife.
Na sexta-feira (27), dois dias antes da eleição, a Justiça Eleitoral o prefeito Geraldo Julio (PSB) e agentes públicos da prefeitura do Recife se abstivessem de convocar servidores e comissionados da gestão municipal para fazer campanha para o candidato João Campos (PSB).
Eleito prefeito do Recife, João Campos é atualmente deputado federal e vai ficar no cargo até o final de dezembro. Ele foi eleito em 2018 com 460.387, o mais votado de Pernambuco na ocasião. Antes, o candidato a prefeito era chefe de gabinete de Paulo Câmara no Governo do Estado. Desde então, o nome de João Campos já era ventilado como o mais cotado para disputar a sucessão de Geraldo Julio no Recife.
O PSB governa o Recife desde 2013 com o prefeito Geraldo Julio. Na primeira eleição, Geraldo foi apadrinhado por Eduardo Campos, pai de João Campos.
O suplente de João Campos na Câmara dos Deputados é Milton Coelho (PSB), atual chefe de gabinete do governador de Pernambuco, Paulo Câmara. Coelho assume o mandato de deputado federal a partir de 1º de janeiro de 2021. (Via: Blog do Jamildo)
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