Por Josias de Souza
Devolvido à oposição pelo
impeachment de Dilma, o PT mandara fixar um cartaz na parede, atrás do balcão
da legenda. Nele, estava escrito: “Não negociamos com golpistas”. De repente,
após reunião em que o diretório nacional petista discutiu seu papel na disputa
pelas presidências da Câmara e do Senado, apareceu uma folhinha tapando o
“Não”. E os petistas passaram a torturar a semântica.
Quando vê a cúpula do PT esgrimindo argumentos para
justificar o apoio a aliados de Temer para comandar a Câmara e o Senado, a
plateia sabe que está diante de uma crise de significados ou numa roda de
cínicos. Quando os petistas defendem na Câmara a adesão ao ‘demo’ Rodrigo Maia
ou ao relator do impeachment Jovair Arantes — o que der mais cargos na Mesa e
nas comissões — todos se convencem de que a crise é mesmo terminal.
Lula, enquanto tenta se livrar da cadeia, sobe no caixote
para anunciar a agrupamentos companheiros que será candidato ao Planalto para
livrar o país dos “golpistas”. Alguém poderia dizer que o morubixaba do PT
também é vítima da confusão semântica. Mas quando se verifica que Lula
participou da reunião em que o diretório decidiu que só não barganha a mãe
porque não tem como oferecer certificado de garantia, fica claro: o partido e
seu líder, depois de perderem o poder, aposentaram completamente o pudor.
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