Os mais de 11 milhões de
brasileiros que votaram em branco e nulo no segundo turno das eleições 2018,
realizado nesse domingo (28) equivalem à população de um país como Portugal.
Eles representam 9,5% dos 147,3 milhões de eleitores brasileiros Jair
Bolsonaro, candidato do PSL, foi o vencedor, escolhido por 57,7 milhões de
brasileiros, e Fernando Haddad (PT) foi opção de outros 47 milhões.
Por sua vez, outros 31 milhões de brasileiros deixaram de ir votar – ou
21,30% do eleitorado. Somados aos brancos e nulos, 42,1 milhões não escolheram
um dos dois candidatos para ser o 38º presidente eleito democraticamente pelo
País.
Esse é o maior índice desde a
redemocratização do Brasil. Nas eleições presidenciais de 1989, brancos e nulos
somaram 5,8% do eleitorado – equivalente a 4 milhões de pessoas -, enquanto
abstenções somaram 14,4% do eleitorado, quase 12 milhões de pessoas.
Na comparação com as eleições presidenciais de 2014, houve pequeno avanço
na soma entre brancos e nulos. Naquele ano, 9,64% optaram por não votar em
Aécio Neves ou Dilma Rousseff. Também naquele pleito, 19,39% dos eleitores
deixaram de ir às urnas, o equivalente a mais de 27 milhões de pessoas.
Para o professor Maurício Fronzaglia, o número expressa desconfiança e
descrédito com relação à política e às mudanças que essa eleição poderia
trazer. “Em uma eleição muito polarizada, uma boa parte do eleitorado não se
sentiu representado por nenhum dos lados. E não conseguiu escolher entre eles,
nem mesmo entre o menos pior.”
Segundo ele, isso pode representar até mesmo uma descrença no próprio
processo eleitoral. “Até que ponto a democracia representativa ainda se encaixa
no nosso tempo? Ela foi pensada e adequada para a maioria dos países nas
últimas décadas, quando o mundo era diferente. Está faltando um update
(atualização) nas regras de funcionamento da democracia representativa.” (Via: Estadão)
Blog: O Povo com a Notícia