Quem
nunca tentou mudar a pessoa amada que atire o primeiro título de eleitor.
Aquele primo já se tornou, a seus olhos, uma pessoa repugnante pelas opiniões
que expõe no grupo da família. Uma tia, sempre brigona, defende posições
contrárias e não deixa de devolver as provocações. As relações foram cortadas.
Mas, agora que o momento da decisão pelo próximo presidente se aproxima, quem
restará?
É chegada a hora da grande audiência de reconciliação das famílias.
Agrupem os pares, chamem os juízes de paz e iniciem o diálogo. Até porque, deve
existir solução.
Bloqueado no Zap
As brigas e
discussões no grupo do zap já alcançaram todos os níveis possíveis: uns saíram,
outros xingaram, a maioria está exausta. Se há vontade, e possibilidade, de
reconectar os elos rompidos no período eleitoral, comece pelo principal
conselho de psicólogos e terapeutas: pense quando falar e quando
silenciar.
Somente
internalizado o conselho, é possível elaborar um guia prático de como proceder
à assembleia. Seja nas redes sociais, até então as grandes arenas de batalha
dos familiares, ou no sofá da sala da avó, alguns ingredientes são
fundamentais. Mais importam as atitudes que o lugar. Primeiro: se não há
vontade de diálogo, não há como dialogar. E outra: antes de se reunir com a
família ou já durante uma discussão cheia de farpas e certezas, tome um banho
frio e respire, calmamente, 10 vezes.
Para uma
audiência equilibrada e democrática, a Astrologia será o regente universal.
Quem acredita nos astros, seguem as dicas. Quem não, vale seguir para o próximo
parágrafo democraticamente. O dia 28 de outubro será um dia de Lua Vazia, como
explicam astrólogos e numerólogos. Significa que, neste domingo (28) de
eleições, estaremos numa espécie da passagem e todos os sentimentos e sensações
serão emanados para o universo. O astrólogo e numerólogo Ricardo Newton
comenta:
E durante as festas de Natal?
O grande
teste das emoções já está decidido: o temido Natal em família. Ou Natal em
parentes, os antigos familiares próximos. Com todos eles juntos, em suas
similaridades e diferenças, é preciso colocar em prática outro exercício. Percebeu
que não tem solução, o diálogo não flui e a intransigência já é o tempero da
noite? Pare.
Nenhuma
família sairá ilesa do dia de resolver os conflitos. Uma das provas é a
recente briga na família Gagliasso: a atriz Giovana Ewbanck criticou o
irmão do marido Bruno Gagliasso, Thiago, após ter ouvido do cunhado "que a
televisão estaria morrendo".
A suspeita
de que a briga seria causada por política confirmou-se dias depois, nesta
quinta-feira (25). Thiago escreveu para o candidato Jair Bolsonaro (PSL):
"Arruma um bolsa irmão aí pra mim! Que deu ruim te apoiar!", diz a
mensagem. Em resposta, o perfil do candidato disse: "Um grande abraço,
Thiago".
Pacifistas, uni-vos!
Entre
Gagliassos e anônimos, o churrasco da reconciliação, como já é chamado o
dia de resolver os conflitos com a parentada em eventos criados no
Facebook, pode depender de uma figura: os pacifistas. Afinal, toda família
tem uma. Se não, pode aproveitar o clima eleitoral para uma nova rodada de
eleições e eleger o líder da mediação. “É fundamental que se tenha essa figura,
que tenha mais sabedoria em lidar com o conflito”, diz Bina.
Chegou a
hora de um pouco de paz, se há a disposição de tentar aparar as arestas. Na
família Argôlo, o código é justamente evitar o conflito – quando possível. Num
grupo de 15 pessoas no Whatsapp, todos tentaram levantar bandeira branca. Há,
sim, diferenças políticas ali naquele espaço. Mas os familiares insistem em
calar quando está claro que a discussão não vale o esforço. A engenheira
Fabíola Ârgolo já elaborou, então, uma síntese do que espera para o Natal.
A reunião
acontecerá, como em todos os anos, em Alagoinhas. A matriarca, Dona Adélia, é
uma pessoa tranquila, evita perturbações. E os filhos e netos devem ser
influenciados também por isso. “Acho que, se alguém iniciar algum conflito que
não vale a pena, os outros tentarão acalmar. Ou falar: ‘Xi!' [sinal de
silêncio]”, torce.
O pacifista
terá, portanto, uma obrigação clara: se tornar o filtro das verdades absolutas
numa possível discussão entre o grupo. E esse mediador, inclusive, pode formar
um grupo de outros pacifistas ao redor de si.
Tempo de briga: há solução para tudo?
Por trás das
brigas, pode haver, também, motivos não necessariamente eleitorais. E são esses
os casos mais complicados para o juízes e testemunhas da audiência de
reconciliação. Mesmo para os pacifistas. São tempos de embates de valores e o
confronto desses ideais tem causado, na verdade, rachaduras. “Esse conflito de
valor não é discussão. E reparar pode ser muito mais complicado. Porque existem
coisas que mexem com alma. Há até possibilidade de até entrar num processo de
crise existencial”, afirma a terapeuta Joana Binna.
No
consultório, a terapeuta já começou a receber pacientes aflitos com a política
e com seus respectivos conflitos humanos. Os pacientes chegam fragilizados, como
se os embates políticos tivessem lhes retirado toda a força. Afinal, de tantas
brigas, o saldo final parece ter sido uma exaustão emocional sem fim. Sem
recursos pessoais, ela conclui, não há como se envolver em qualquer discussão.
Recuar é o verbo. E começar a enxergar a família de uma nova maneira.
Então, se
poupar também é importante, sobretudo quando não há recursos para lidar com
tantas diferenças. Por que não se afastar por um tempo? Mas é importante
lembrar que é família, e é uma relação de apego. Às vezes, é preciso recuar,
aquietar, para ir ao encontro do outro resiliente, paciente.
Na casa de
Lúcia (nome fictício), entender as diferenças no núcleo familiar mais próximo e
confrontá-las com os próprios valores é motivo de briga quase diária. Da última
vez, há pouco mais de uma semana, falaram de intervenção militar. Barril de
pólvora no grupo do Whatsapp. “Uma parte começou a falar que não foi ditadura,
mas uma intervenção que o povo pediu. Não tem como não discutir”, comentou.
Ela, até então, tentou manter os ânimos tranquilos. Agora, não consegue nem
pensar numa reconciliação.
O contato
com a família, ao que parece, mudou para sempre para ela. Nos grupos, também
bombaram mensagens sobre direitos LGBTQ+. Homofóbico? “Eu não, tenho até amigos
que são”, respondeu um parente após questionado sobre o apoio a pautas mais
conservadoras. Novamente, uma cisão. Tamanho envolvimento com questões
políticas ganharam o primeiro impulso não nestas eleições.
Na verdade,
foi a partir de 2013 que as famílias começaram a preparar os frontes de
batalha, após as chamadas Jornadas de Junho e com um pico registrado durante o
processo de Impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016. É o
cientista político Antônio Eduardo Oliveira quem explica como as primeiras
discussões sobre política foram infladas até aqui.
Os lados já
foram definidos há muito tempo. A grande questão parece ser a definida, bem
humoradamente, pelo astrólogo Ricardo Newton. “A pessoa que lhe pariu, por
exemplo, não vai deixar de ter te parido”, diz, aos risos. Então, aproveite a
audiência da reconciliação para rever e pensar sobre seus laços. Quem sabe,
alternar o assunto também evite conflito. Se é que você já não foi embora ou
saiu do grupo ao ouvir seu tio defender algo indefensável
Barracos envolvendo famosos
Expondo na internet
A casa caiu
na família Gagliasso. Primeiro, o irmão do ator Bruno Gagliasso, Thiago, expôs
uma série de prints de mensagens enviadas pela cunhada, a também atriz Giovanna
Ewbanck. A troca de farpas, seguida da confirmação da posição política de
Thiago, terminou em separações. Bruno deixou de seguir o irmão e a mãe de
Gagliasso afirmou que não precisava do dinheiro do filho para sobreviver.
Tome block!
A
apresentadora Luciana Gimenez bloqueou a mãe no WhatsApp após ela começar a
começar apoiar Jair Bolsonaro (PSL). A filha, neutra na disputa entre Fernanda
Haddad (PT) e o capitão reformado do Exército, já não aguentava tantas
mensagens. “Ela não para de me mandar coisa (risos). Cansei!”.
Início de treta?
O clima
entre os irmãos Luciano Huck e Fernando Grostein também foi comentado nas redes
sociais. Os dois têm posições políticas diferentes e a briga surgiu sem que
eles próprios sequer se manifestassem sobre o caso. (Via: Agência Brasil)
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