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terça-feira, 24 de setembro de 2019

Documentos apreendidos no Senado citam empreiteira acusada de propina a FBC, diz jornal


Os documentos encontrados pela Polícia Federal no gabinete da liderança do governo no Senado, na última quinta (19), teriam citações a Paulista S/A, empreiteira investigada por supostos pagamentos de propina ao senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.

O material foi encontrado no computador de João Paulo Recco de Faveri, assessor parlamentar do gabinete. Os agentes também apreenderam agendas com anotações, outros computadores e HDs.

FBC e seu filho, o deputado federal Fernando Filho (DEM-PE), são suspeitos de receber R$ 5,538 milhões de quatro empreiteiras – OAS, Paulista, Constremac e Barbosa Mello. Eles foram alvos da Operação Desintegração , deflagrada por decisão monocrática do ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).

No gabinete de Fernando Filho, a PF apreendeu um envelope contendo comprovantes de diversos depósitos.

Reagindo à operação, a presidência do Senado anunciou que vai ao Supremo contra a missão que a PF executou por determinação de Barroso.

Acusações

De acordo com as investigações da PF, os pagamentos teriam sido feitos entre 2012 e 2014. Na época, FBC era ministro da Integração Nacional do governo Dilma Roussef (PT). O então ministro era responsável pela contratação de grandes obras na região Nordeste, como a Transposição do Rio São Francisco e o Canal do Sertão.

Em delação, o empresário João Carlos Lyra disse ter recebido em 18 de setembro de 2012, na sede da Paulista, em São Paulo, R$ 330 mil supostamente destinados ao senador. Ele também afirmou ter feito transferências para contas indicadas por Iran Padilha Modesto, homem de confiança de FBC.

A PF afirma que Lyra teria sido auxiliado na movimentação dos recursos no Recife pelo escritório de advocacia Morales & De Paulo. Nos autos das investigações, a companhia aérea TAM encontrou passagens emitidas em setembro de 2012, entre São Paulo e Recife.

“Também os dados bancários comprovam os créditos efetuados pela MRTR Gestão Empresarial, uma das contas operadas pelo escritório Morales & de Paula, em favor de João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho justamente no período por ele mencionado”, diz a Polícia Federal.

De acordo com a PF, ‘foi possível comprovar o destino dos recursos mencionados pelo colaborador, conforme orientações recebidas de Iran Padilha Modesto’.

Uma delas no valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), transferidos em 28/09/2012 da conta pessoal de JOÃO CARLOS LYRA mantida no banco Santander para Bruno Cristiano Gusmão.. Outras duas retiradas de cheque, na boca do caixa, contra a mesma conta pessoal do colaborador no banco Santander no valor de R$ 15.00,00 (quinze mil reais) ocorridas em 25/09/2012.

Segungod quebra do sigilo bancário, os referidos cheques foram depositados na conta de RENA BUARQUE DE GUSMÃO. 

A polícia detectou um saque de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) ocorrido no dia 19/09/2012 da conta pessoal do colaborador João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho, no banco Bradesco. Além de três transferências no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) cada para a empresa Arrow Comercial LTDA, apontada por Artur Roberto Lapa Rosal em contrapartida à correspondente entrega de recursos em espécie .

Dessa forma, teria-se a comprovação da movimentação no valor de R$ 280.000,00, em favor de FBC.

Discurso no senado

Em discurso na sessão do Congresso Nacional desta terça-feira (24), o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho, criticou a operação da qual foi alvo na última quinta (19). “Se os fatos remontam ao ano de 2014, por qual motivo incluir o gabinete da liderança entre os locais da busca senão impor ao governo Bolsonaro um constrangimento?”, questionou na tribuna.

A ação da Polícia Federal foi autorizada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). O cumprimento de mandados de busca e apreensão no Senado gerou reação do presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

“Está claro que fui vítima de uma operação política articulada para atingir o Congresso e o governo Bolsonaro, do qual tenho a honra de ser líder”, disse Fernando Bezerra Coelho. “A presença da Polícia Federal no gabinete da liderança é uma afronta, um atentado contra independência dos poderes”.

“Não podemos esquecer que essa operação ocorre no momento em que o Senado avança com a agenda econômica e está na iminência de votar a reforma da Previdência“, afirmou ainda o senador. “Me parece que essa operação é deliberadamente uma tentativa de reavivar velhas práticas criminalizar a política, como se não fosse a política o único caminho para solucionar os problemas do país. Merece, sim, a contundente reação desta Casa. O Brasil precisa sair do atoleiro econômico e se distanciar do passado, em que os equívocos acabaram por mergulhar o país numa crise institucional”.

Para FBC, a operação foi um “ato flagrantemente inconstitucional” e classificou a decisão de Barroso como um “abuso”. O parlamentar enfatizou que o Ministério Público Federal (MPF) foi contrário ao pedido da PF para fazer as apreensões no gabinete.

A investigação da PF apura supostas irregularidades em obras da transposição do Rio São Francisco e do Canal do Sertão, no período em que o emedebista era ministro da Integração Nacional do governo Dilma Rousseff (PT).

O inquérito foi aberto com base no conteúdo de delações premiadas no âmbito da Operação Turbulência, que apurou a compra do avião usado pelo ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), que era aliado de Fernando Bezerra Coelho. O socialista morreu em 2014, na queda da aeronave, durante a sua campanha presidencial.

FBC negou irregularidades. “Pela ausência de elementos comprobatórios, terá o mesmo destino de outras acusações que enfrentei: o arquivamento, inclusive por força de decisão do Supremo Tribunal Federal. Que fique claro, senhores parlamentares: não temo as investigações. Digo com veemência que jamais excedi os limites impostos pela lei e pela ética”, afirmou o senador.

Blog: O Povo com a Notícia