O ministro Gilmar Mendes, do
Supremo Tribunal Federal (ST), afirmou que ficou surpreso com as declarações dadas
pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e recomendou que ele busque
a ajuda de um psiquiatra. Na noite desta quinta-feira (26), Janot revelou que
planejou o assassinato de Gilmar e que chegou a ir armado a uma sessão do
Supremo. O procurador disse que só não consumou o homicídio, porque foi
impedido pela “mão de Deus”.
O ministro afirmou que está surpreso e disse que, "se a divergência
com um ministro do Supremo expôs tais tentações tresloucadas, imagino como
conduziu as ações penais de pessoas que ministros do Supremo não eram, afinal,
certamente não tem medo de assassinar reputações quem confessa intenção de
assassinar membros da Corte Constitucional".
Leia a íntegra
da mensagem de Gilmar enviada à jornalista Mônica Bergamo nesta sexta (27):
"Dadas as palavras de um ex-procurador-geral da República, nada mais me
resta além de lamentar o fato de que, por um bom tempo, uma parte do devido
processo legal no país ficou refém de quem confessa ter impulsos homicidas,
destacando que a eventual intenção suicida, no caso, buscava apenas o
livramento da pena que adviria do gesto tresloucado. Até o ato contra si mesmo
seria motivado por oportunismo e covardia.
O combate à corrupção no Brasil — justo, necessário e urgente — tornou-se
refém de fanáticos que nunca esconderam que também tinham um projeto de poder.
Dentro do que é cabível a um ministro do STF, procurei evidenciar tais desvios.
E continuarei a fazê-lo em defesa da Constituição e do devido processo legal.
Confesso que estou algo surpreso. Sempre acreditei que, na relação
profissional com tão notória figura, estava exposto, no máximo, a petições mal
redigidas, em que a pobreza da língua concorria com a indigência da
fundamentação técnica. Agora ele revela que eu corria também risco de morrer.
Se a divergência com um ministro do Supremo o expôs a tais tentações
tresloucadas, imagino como conduziu ações penais de pessoas que ministros do
Supremo não eram. Afinal, certamente não tem medo de assassinar reputações quem
confessa a intenção de assassinar um membro da Corte Constitucional do País.
Recomendo que procure ajuda psiquiátrica. Continuaremos a defender a
Constituição e o devido processo legal".
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