A Polícia do Rio investiga a morte do ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura
Henrique Serrano do Prado Valladares, delator da Operação Lava Jato que revelou
supostas propinas para o deputado Aécio Neves (PSDB/MG) e para o ex-senador
Edison Lobão (MDB/MA), ex-ministro dos Governos Lula e Dilma.
O registro oficial da 14ª Delegacia, no Leblon, aponta “causa
indeterminada”. O corpo foi encontrado nesta terça-feira, 17, no apartamento
onde o delator morava. A polícia abriu uma guia de remoção para que os
Bombeiros levassem o corpo ao Instituto Médico Legal (IML). As primeiras
investigações indicam que não havia sinais de arrombamento no apartamento, nem
evidências de luta. O corpo já passou por necropsia e foi liberado para a
família.
Valladares foi apontado por outros delatores da empreiteira como um dos
negociadores de R$ 30 milhões de propina para Aécio atuar a favor dos Projetos
do Rio Madeira (Usinas Hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, em Rondônia) e,
assim, atender interesses da empreiteira e também da Andrade Gutierrez.
Valladares contou que a empreiteira pagava prestações de R$ 1 milhão a
R$ 2 milhões, repassados pelo Setor de Operações Estruturadas, o departamento
de propinas do grupo, para “Mineirinho”, codinome atribuído a Aécio. O delator
também dedicou parte de suas revelações a Lobão, ou “Esquálido”, como o
ex-ministro e ex-senador era rotulado nas planilhas de propinas da empreiteira.
Segundo Valladares, o ex-ministro recebeu R$ 5,5 milhões para rever o
leilão da usina de Jirau e a Odebrecht assumisse o empreendimento. O delator
contou que “Esquálido” teria cobrado uma “contrapartida” após reunião com os
executivos da empreiteira. “Ele sinalizava que iria nos ajudar. E que precisava
de nossa ajuda, de propina”, declarou Valladares.
Segundo Valladares, o então presidente do grupo, Marcelo Odebrecht,
“acreditou nisso”. “Sem que ele (Lobão) entregasse nada, simplesmente para que
ele fizesse um esforço de, usando nossos argumentos, que eram verdadeiros e
absolutamente legais, ele criasse um contraponto na Casa Civil, para isso
surgiu um pagamento de R$ 5,5 milhões. Com certeza, caixa 2”, afirmou o
delator.
O pagamento da propina, relatou Valladares, foi feito em algumas
ocasiões, com entrega de dinheiro diretamente na casa do filho de Lobão, Márcio
Lobão, no Rio.
O ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura disse, ainda, que em
encontros em São Paulo, Lobão Filho falava que podia “ajudar a Odebrecht em
obras, mas que isso exigia contrapartidas da empreiteira”. Em suas reuniões com
o ministro Lobão em Brasília, Valladares disse que era recebido no gabinete com
gaspacho, uma tradicional sopa espanhola. “Ele é magro que nem um palito, e se
alimenta a base de gaspacho”, disse Valadares.
Depois de acertar os pedidos e propinas, disse o delator, Lobão pedia
para que o “fiscal” entrasse no gabinete, para registrar os temas e discussões
feitas durante o encontro.
Defesas
Tanto o deputado Aécio Neves quanto o ex-ministro Edison Lobão sempre
negaram enfaticamente a prática de ilícitos e o recebimento de propinas da
Odebrecht. (Via: Agência Estado)
Blog: O Povo com a Notícia