O ministro da Justiça e Segurança
Pública, Sergio Moro,
defendeu nesta sexta-feira, 20, as atribuições da Polícia Federal e do Poder Judiciário, após
críticas disparadas contra a realização de buscas e apreensão nos gabinetes do
líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), e do filho dele,
o deputado Fernando Coelho (DEM-PE).
“A Polícia Federal é uma instituição com autonomia e suas ações são
controladas pela Justiça, não tendo o ministro da Justiça qualquer envolvimento
em investigações específicas”, afirmou Moro à reportagem.
Bezerra Coelho e o filho são investigados por suspeita de corrupção e
lavagem de dinheiro. Delatores afirmam terem repassado R$ 5,5 milhões em
propinas ao pai. A Operação Desintegração foi autorizada pelo ministro Luís
Roberto Barroso, relator do caso no Supremo Tribunal Federal.
O presidente do Senado, Davi
Alcolumbre, chamou a operação de “desarrazoada e desnecessária,
em especial pela ausência de contemporaneidade”. Ele disse que vai questionar a
decisão no Supremo.
A declaração de Moro vem após a defesa de Fernando Bezerra Coelho ter
afirmado que a operação era uma retaliação ao senador pela atuação dele contra
abusos de órgãos de investigação.
“Primeiro, teve uma declaração dele sobre o Moro ser esquecido. Mas,
enfim, é uma retaliação no contexto político de tudo que está acontecendo”,
disse o advogado de Bezerra, André Callegari. A frase a que o advogado fez
referência foi dita por Bezerra Coelho ao jornal O Estado de S. Paulo no início
do mês.
A defesa da autonomia da Polícia Federal é também uma mensagem de Moro
para dentro da corporação. Nos bastidores da PF, Moro foi criticado ao longo
das últimas semanas por não ter confrontado declarações do presidente Jair
Bolsonaro de que poderia mexer na instituição.
Para tentar manter o diretor-geral Maurício Valeixo, sua indicação, Moro
adotou como estratégia não reagir publicamente e tentar demonstrar que havia
uma “rede de intrigas” buscando opor o presidente ao comando da PF. Até agora,
deu certo.
Além da frase de Moro sobre a autonomia da Polícia Federal, a instituição
também foi defendida pelo ministro Barroso.
“A investigação de fatos criminosos pela Polícia Federal e a supervisão de
inquéritos policiais pelo Supremo Tribunal Federal não constituem quebra ao
princípio da separação de Poderes, mas puro cumprimento da Constituição”, disse
o ministro que autorizou a operação.
Barroso disse também que busca e apreensão é uma medida padrão em casos de
investigação por corrupção e lavagem de dinheiro e segue os precedentes do
Supremo. “Fora de padrão seria determiná-la em relação aos investigados
secundários e evitá-la em relação aos principais”, disse.
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