Cercada por uma rede de
solidariedade desde que sofreu um acidente e uma pista de kart que provocou a
perda de todo o couro cabeludo da pele da testa e de parte das pálpebras, a
auxiliar de ensino recifense Débora Esthefany Dantas de Oliveira, de 19 anos,
fez nascer um sonho em alguém que mora a milhares de quilômetros de distância.
Dona de um cabelo enorme, a pedagoga paraense Daiara dos Santos, de 23 anos,
ficou extremamente tocada com a história da garota, que atualmente enfrenta um
longo tratamento em São Paulo, agora tem como meta doar parte dos fios para
Débora.
Apegada à vasta cabeleira cultivada há pelo menos cinco anos,
Daiara está disposta a cortá-la na altura dos ombros e entregá-los para a
confecção de uma peruca, já que Débora não terá mais fios naturais. A intenção,
postada em seus perfis nas redes sociais, já foi apresentada ao noivo da
auxiliar de ensino, Eduardo Tumajan. “Todos os dias acompanho a evolução de
Débora e compartilho nas minhas redes sociais. Decidir fazer essa proposta de
doação porque desde o primeiro instante do acidente ela demonstrou ser uma
jovem forte, decidida a vencer o obstáculos da vida”, explica ela.
Daiara soube do acidente pela imprensa e imediatamente se identificou
com a vítima. “Fui procurar mais informação sobre o acidente e o quadro de
saúde de Débora. Ao ver que se tratava de um escalpelamento, me emocionei
muito, pois sei o quando um cabelo é importante para uma mulher”, relata ela,
tocada com a situação da garota. A decisão vem repercutindo entre amigos e
seguidores e ganhou até a torcida da família da pedagoga.
A vontade de oferecer os próprio cabelos a Débora veio, explica Daiara,
menos por compaixão e mais pelo reconhecimento da força da pernambucana.
“Queria abraçá-la e dizer que ela é um grande exemplo de superação”. E se
depender da pedagoga, esse encontro vai acontecer em breve. “Sou uma jovem que
tem sonhos. Um desses sonhos agora é conhecer Débora. Coloquei isso como
prioridade”. Certa de que o plano vai dar certo, a pedagoga se emociona: “Seria
uma experiência única, um sonho realizado, iria chorar muito”, projeta.
Cabelos e couro cabeludo da vítima
foram puxados pelo motor de kart
Débora,
que também tinha cabelos muito longos, sofreu o escalpelamento no dia 11
de agosto, quando os fios se enroscaram no motor do kart guiado por ela e foram
puxados e arrancados, levando junto boa parte da pele da cabeça. De acordo
com o cirurgião plástico Jonathan Vidal, responsável pela primeira
cirurgia à qual ela foi submetida no Hospital da Restauração, no Recife, o
procedimento, delicadíssimo, durou cerca de cinco horas. “Na região da
testa, a ruptura foi na área abaixo das sobrancelhas. As pálpebras
superiores também foram danificadas.
Dias depois, porém, a vítima
sofreu complicações e a área reimplantada perdeu a irrigação sanguínea, o que
obrigou a retirada do tecido. Por conta da evolução do quadro, a rede Walmart,
responsável pelo estabelecimento em cujas dependências ocorreu o acidente,
assumiu os custos do tratamento e transferiu Débora para o Hospital
Especializado, em Ribeirão Preto, São Paulo, que tem expertise na condução de
casos semelhantes.
Tratamento de Débora deve durar dois anos
Desde do dia 18 de agosto, quando
foi realizada a transferência, a auxiliar de ensino segue em tratamento
intensivo. Como ela perdeu o reimplante, foi necessário submetê-la a uma nova
cirurgia para o enxerto de pele retirada das costas. O procedimento durou cerca
de 9 horas. Várias novas cirurgias devem ser realizadas enquanto ela permanecer
no hospital e ainda não há previsão de alta.
Ao longo do tempo, Débora deve precisar se submeter a uma
série de procedimentos para minimizar as cicatrizes e melhorar o aspecto
estético da área atingida.O tratamento completo, de acordo com os médicos, deve
durar cerca de dois anos. Mesmo assim, não há expectativa de que a pernambucana
volte a ter cabelos naturais, o que deve obriga-la a usar próteses.
Como há suspeitas de que houve negligência com relação às
normas de segurança exigidas em circuitos de kart, a empresa responsável pela
pista, a Adrenalina Kart, está sendo investigada pela polícia pernambucana. O
kartódromo instalado por ela em um supermercado no bairro de Boa Viagem, onde
ocorreu o acidente, não tinha licença de funcionamento. (Via: Portal OP9)
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