O óleo
que resultou nas manchas encontradas em mais de 130 localidades do litoral
nordestino tem origem da Venezuela. É o que afirmou a pesquisadora Olívia
Oliveira, em entrevista coletiva no Instituto de Geociências da UFBA
(Universidade Federal da Bahia) na manhã desta quinta-feira (10).
De acordo com a professora, foram analisadas amostras
coletadas nos litorais da Bahia e de Sergipe, numa parceria entre as
universidades federais dos dois estados nordestinos e a Universidade Estadual
de Feira de Santana (BA).
Todo o material coletado foi cadastrado no Lepetro, centro
vinculado ao Instituto de Geociências da UFBA, com nove unidades laboratoriais
nas áreas de geologia, química, microbiologia, geoquímica, petróleo e meio
ambiente.
Foram selecionadas nove amostras, sete da costa sergipana e
duas da baiana. Depois, feita a separação física e desidratação do material
contaminante da areia e da água do mar. Em seguida, o óleo total foi injetado
em cromatógrafos com detector de chamas para obtenção do fingerprint, ou seja,
da impressão digital do material fóssil, em livre tradução.
"Os resultados das análises das amostras foram
comparados com os resultados das análises de petróleo constantes na literatura
e no banco de óleos do Lepetro, que possui amostras de diferentes bacias do
Brasil e dos principais países produtores de petróleo."
A divulgação da análise do material colhido por pesquisadores
da UFBA corrobora a afirmação feita na quarta (9) pelo ministro do Meio
Ambiente, Ricardo Salles, durante audiência na comissão de meio ambiente e
desenvolvimento sustentável da Câmara, com base em estudo feito pela Petrobras.
"Os resultados encontrados indicam uma bacia petrolífera
que representa um ambiente geológico de formação de um conjunto de rochas que
geraram petróleo", disse. "A indicação de similaridade com o petróleo
produzido no país aqui citado fará referência apenas à região geográfica da
referida origem geológica."
A professora afirmou, no entanto, que o incidente que
resultou no passivo ambiental deverá ser alvo de investigação dos órgãos
competentes. "Nosso papel se configurou como uma contribuição científica à
sociedade. É o que chamamos de geoquímica forense", disse.
Ainda conforme a pesquisadora, o material analisado, por se
tratar de petróleo cru, perdeu as características químicas por evaporação.
"Já que sua viscosidade é alta, não podemos descartar a possibilidade de o
material ser bunker, combustível de navio", afirmou.
Segundo a professora, por meio dos resultados das análises
dos biomarcadores e dos isótopos de carbono, "observou-se uma boa
correlação do óleo coletado nas praias com um dos tipos de petróleo que é
produzido na Venezuela".
"Nenhum petróleo produzido no Brasil, com origem a
partir da matéria orgânica marinha, apresenta distribuição dos biomarcadores e
razão de isótopos de carbono similar aos resultados encontrados", disse a
pesquisadora.
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