O ministro da Justiça e Segurança
Pública, Sergio Moro, anunciou nesta sexta-feira (24), em coletiva de imprensa
, a saída do governo Bolsonaro. Um dos principais nomes do ministério montado
por presidente da República, Moro chegou ao governo em janeiro de 2019 e
decidiu sair da pasta alegando a interlecutores que não "iria rasgar a
biografia dele para permanecer no governo", já que não tinha mais carta
branca e nem autonomia para atuar no ministério.
O impasse iniciou quando, na quinta (23), Bolsonaro afirmou que iria
demitir o Diretor Geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. Moro reagiu e
chegou a pedir demissão do cargo, mas o presidente escalou ministros
militares para convencer o ex-juiz da Lava Jato a recuar. Nesta sexta (24), a
exoneração de Valeixo foi publicada no Diário Oficial da União.
Em coletiva hoje, Moro disse que a Lava Jato mudou o patamar de combate à
corrupção no país. "Foi um trabalho do Judicário, do MP, de outros órgãos
e na parte da investigação, principalmente da Polícia Federal" e falou
sobre a preocupação em interferências do Executivo no comando da PF. "Foi
fundamental a autonomia da PF para realizar o trabalho. Isso é um ilustrativo
da importância de garantir o Estado de Direito".
"O que foi conversado com o presidente foi que teríamos carta branca
para nomear todos os assessores dos órgãos, da própria PF. Na ocasião, foi
divulgado equivocadamente que eu teria colocado como condição para assumir o
Ministério da Justiça para ter um cargo no STF, isso não ocorreu. Eu aceitei o
cargo, fui criticado, mas a ideia era aprofundar o combate a corrupação".
A minha única condição foi que se algo me acontecesse pedir que minha família
não ficasse desamparada sem uma pensão".
Permito aqui que o presidente concordou com todos os compromissos. Falou
publicamente que me daria carta branca e aceitei com o intento de fazer com que
as coisas evoluisssem [...] O convite foi acolhido pela sociedade. Também
me via como garantidor da lei, da imparcialidade e autonomia dessas
instituições".
"A frase de ordem do ministério é faça a coisa certa sempre, não
importa as circunstância. Com tudo isso conseguimos destaques expressivos como
a diminuição dos assassinatos, mais de 10 mil brasileiros deixaram de ser
assassinados [...] Me deixa feliz os resultados positivos para a queda de
violência, tem que melhorar muito ainda, mas o trabalho é permanente. Tive
apoio do Bolsonaro nos projetos, outros nem tanto, mas a partir do
segundo semestre passou a ter uma insistência do presidente na troca de
comando da PF. Sinceramente não havia nenhum motivo para a substituição
[...]"
Moro citou algumas ações feitas pela PF e PRF, como ampliação de concursos
e combate ao tráfico de drogas. No início do discurso, o
ex-ministro lamentou o evento e citou a questão da pandemia.
"Infelizmente tive que realizar esse evento, busquei o máximo evitar que
acontecesse, mas foi inevitável".
Fontes do G1, ligadas ao ministro, diz que Moro foi pego de surpresa com a
demissão de Valeixo. A Polícia Federal é subordinada ao ministro da
Justiça, e é praxe , em casos como o esse, o chefe da pasta assinar a exoneração. Informações
de bastidores dão conta que Bolsonaro estaria incomodado com a autonomia e
popularidade de Moro. (Via: Agência Brasil)
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