Usado para divulgar ações do governo federal, o site pessoal do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) está em nome de uma empresa do Distrito Federal. O endereço eletrônico é www.bolsonaro.com.br. No Registro.br, responsável pelo cadastro e manutenção dos nomes de domínios com ".br", a página tem como titular o Supermercado da Construção, empresa hoje inapta, segundo a Receita Federal.
Atualizado com certa regularidade, o site lista feitos do governo em diversas áreas, da infraestrutura à saúde. Bolsonaro mantém link para o site em suas redes sociais. A reportagem consultou a Comissão de Ética Pública da Presidência sobre a página pessoal do presidente. Foi informado que "não detém competência para analisar atos do presidente da República".
O empresário Liberato de Almeida Felix, 52, disse à reportagem que há anos cedeu informações de sua empresa ao gabinete do então deputado federal Bolsonaro para registrar o domínio, mas que ignorava manter o vínculo.
Ele negou relação operacional com o site, no abastecimento de informações ou manutenção. Disse que já esteve no gabinete da Câmara, mas que só o conhece pela TV.
"Foi o Jorginho. Eu tinha uma empresa e o Jorginho perguntou se eu podia fazer em nome dela. Eu disse que não teria problema", disse Felix. "Usaram para fazer alguma divulgação, mas achei que nem estavam usando mais."
O empresário se referiu ao ex-capitão do Exército e advogado Jorge Francisco, morto em abril de 2018. Pai do ministro Jorge Oliveira, da Secretaria-Geral da Presidência, foi um dos principais auxiliares de Bolsonaro ao longo de muitos anos.
Ele se disse bem próximo ao ex-assessor. "Jorge era amigo, a gente morava na mesma rua, jogava bola junto."
A reportagem perguntou ao Palácio do Planalto sobre o caso, mas não houve resposta até a publicação deste texto.
A página reúne publicações de Bolsonaro sobre ações do governo federal nos últimos 22 meses, material aproveitado pelos filhos e seguidores.
Ao elencar no site os feitos de sua administração, ele não deixa de alfinetar adversários, como nas redes sociais.
A Comissão de Ética diz que pode agir em relação a ministros e secretários de Estado, secretários-executivos, ocupantes de cargos de natureza especial, presidentes e diretores de agências nacionais, entre outros, a chamada Alta Administração Pública Federal.
Sobre o uso de sites pessoais e redes sociais, a comissão disse que "não há, nos normativos , vedação à divulgação de ações e realizações por autoridades da Alta Administração Federal em suas contas pessoais nas redes sociais".
Essa divulgação, explica a comissão, é permitida desde que a divulgação tenha caráter meramente informativo, de matérias vinculadas à sua função pública, abstendo-se de realizar divulgação crítica que comprometa a sua própria reputação e do órgão ao qual está vinculado", disse a comissão.
Por meio da assessoria de imprensa, a Registro.br informou que, por uma questão de proteção das informações depositadas em sua base de dados e pela política de zelarem pela privacidade dos usuários, não são disponibilizadas informações além das já mencionadas nesta reportagem.
Questionado sobre o que pretende fazer sobre o nome de sua empresa constar nos registros oficiais como titular do site do presidente, Felix disse que tentará entrar em contato com alguém próximo a Bolsonaro, talvez o ministro Jorge Oliveira, filho de seu ex-parceiro de futebol. "Vou pedir para retirar o nome dela de lá", disse o empresário. (Via: Folhapress)
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