Uma ala relevante do PT acredita que o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, recém-egresso do PSDB, não é confiável para ser candidato à vice-presidente da República numa chapa encabeçada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Quem tem mais vocalizado essa insatisfação nos bastidores
petistas é a ex-presidente Dilma Rousseff, que se encontrou pessoalmente com
Lula na última quinta-feira (13). Segundo o ex-mandatário, este foi o 1º
encontro entre os dois neste ano.
Na conversa, Dilma expressou preocupação pelo fato de Alckmin
não ter afinidades históricas com o PT. Ao mesmo tempo, seria alguém confiável
do establishment conservador dentro da administração federal. Há um certo temor
de que o ex-tucano possa trabalhar contra o governo quando houver alguma
situação mais difícil.
Com sua conhecida sinceridade, a ex-presidente relatou a Lula
suas preocupações e pediu cautela. A frase de Dilma foi mais ou menos assim,
segundo relatos: “O Geraldo Alckmin será o seu Michel Temer. Quando você mais
precisar, ele ficará à disposição da oposição para tomar seu lugar”.
Quando o governo de Dilma entrou em parafuso, em 2015, o
então vice-presidente distanciou-se. Temer passou a trabalhar a favor do
impeachment, junto com seu partido, o MDB. A petista foi apeada da Presidência
da República em 31 agosto de 2016. Temer assumiu o comando do país naquele
mesmo dia.
Os defensores da aliança de Lula e Alckmin, no entanto,
acreditam que o ex-governador pode ajudar a “suavizar” a imagem de Lula perante
setores mais desconfiados, como o mercado financeiro, e a aliança sinaliza um
governo de conciliação e diálogo. Sobre as diferenças políticas entre os dois,
aliados de ambos afirmam que Alckmin é do “PSDB raiz” e teve boa relação com
governos petistas, principalmente com Fernando Haddad, quando este foi prefeito
de São Paulo durante a gestão do ex-tucano à frente do Estado.
No jogo para definir um vice de Lula, a tendência é acolher
um nome de centro ou mesmo de centro-direita. Essa disposição passa por aceitar
alguém que tenha sido favorável ao impeachment de Dilma. Uma das razões
apontadas pelos líderes petistas é que é preciso ampliar as alianças para
tentar conseguir a vitória de Lula no 1º turno.
Hoje, líderes petistas têm se mostrado resistentes a uma
eventual aliança que inclua o ex-governador paulista Geraldo Alckmin. Um dos
fatos que incomodam é o fato de que Lula tem mantido conversas diretamente com
outros partidos, sem passar por eles. Dizem reservadamente que, quando se
sentirem incluídos nas discussões, as resistências devem diminuir ou mesmo
desaparecer.
Acompanhe o Blog O Povo com a Notícia também nas redes sociais, através do Instagram e Facebook.
Blog: O Povo com a Notícia