Por causa associação da epidemia de gripe e da pandemia de Covid-19, municípios pernambucanos alertam para a falta de remédios e insumos básicos. Segundo o presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Consems), o médico Edson de Souza, em algumas cidades não há mais dipirona, soro e Tamiflu, antiviral usado em doentes com Influenza. “A situação é grave”, disse.
Nesta
sexta (7), representantes do conselho e prefeitos participaram de uma reunião
com o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB). Gestores
municipais pediram que o estado reveja os protocolos e restrinja eventos
grandes, como as festas de carnaval privadas.
Esta
semana, o Recife suspendeu os festejos de rua e disse que pode
fazer carnaval fora de época ainda em 2022. Olinda, Jaboatão dos Guararapes e Ipojuca, no
Grande Recife, e Bezerros, no Agreste, cancelaram a festa.
No
encontro de gestores, realizado por videoconferência nesta sexta, foram
discutidas medidas para enfrentar a saturação na rede de saúde.
Diante desse cenário, o
secretário estadual de Saúde, André Longo, afirmou que será necessário “adotar restrições para conter o avanço das duas
doenças”. Também nesta sexta (7), o governo confirmou primeiros casos da variante ômicron no estado.
Em entrevista ao g1, o médio
Édson de Souza, que é secretário municipal de Saúde de Gravatá, no Agreste,
afirmou que a falta se insumos básicos é uma realidade da grande maioria das
184 cidades pernambucanas.
“Temos dificuldade de conseguir
dipirona, por exemplo. Não tem no mercado. Quanto ao Tamiflu, nem mandando
manipular em farmácia tem”, afirmou.
O médico citou também problemas
para comprar para as redes municipais outros produtos, como vitaminas C e do Complexo
B.
Além disso, o presidente do
Consems relatou a dificuldade de levar as pessoas para tomar a dose de reforço
contra a Covid, principalmente, os idosos. “Eles não aparecem e acreditam que
essa nova onda não é tão grave. Isso preocupa”, comentou.
Diante de tudo isso, Edson Souza
disse que os secretários recomendaram as restrições aos eventos de grande
porte.
Entre eles, estão as festas de
carnaval em clube e locais fechados, por exemplo. Atualmente, o estado permite festas para até
7,5 mil pessoas ou 80% da capacidade do local, o que for menor, além
do controle vacinal de 100% do público.
“Não tem como uma cidade como
Gravatá controlar uma festa com cerca de 8 mil pessoas, como permite o atual
protocolo do estado. Até 500 ou 700 pessoas a gente até consegue fiscalizar e
saber se o público está vacinado”, afirmou.
Essa é a mesma opinião do presidente
da Associação Municipalista de Pernambuco, José Patriota. Também em entrevista
ao g1, nesta sexta, ele afirmou que os
gestores municipais foram “praticamente unânimes” na reunião com o governo ao
pedir a restrição dos eventos.
“A maioria diz que não tem como
suportar grandes festas. Saímos do Natal e réveillon com um crescimento absurdo
do número de casos. A ocupação de leitos nas cidades está cada vez maior”,
afirmou.
Patriota disse, ainda, que o governo
informou que, na segunda (10), deve começar a revisão dos protocolos adotados
no estado para controlar a Covid. “Teremos a reunião do comitê e vamos aguardar
o que será definido”, observou.
Por meio de nota, o governo do
estado informou que o governador garantiu a ampliação da rede de leitos de
terapia intensiva e do número de testes rápidos, bem como a intensificação do
incentivo à vacinação.
Na nota, Paulo Câmara afirmou
que apresentou aos prefeitos os dados atualizados tanto da Covid, quanto da
Influenza, “para que todos estejam cientes da gravidade do momento atual”.
Ainda segundo o governo, as
queixas da falta de insumos “estão sendo levadas em consideração e serão
analisadas na reunião do Gabinete de Enfrentamento à Covid-19 na próxima
segunda-feira”.
Gripe
Na quinta (6), Pernambuco
confirmou os primeiros 31 casos de pessoas com dupla infecção da Covid-19 e
Influenza, apelidada de "flurona" (união dos termos "flu",
de influenza, com "rona" de coronavírus) na imprensa internacional.
O termo não designa um novo tipo
de doença, apenas uma forma simplificada de se referir à ocorrência simultânea
das contaminações.
Já foram registrados 6.392 casos
de Influenza A em Pernambuco, com 38 óbitos, mas o secretário disse que esse é
um número menor que a realidade, já que faz referência aos resultados dos
exames realizados pelo Laboratório Central (Lacen) do estado.
O maior número de pacientes
internados em um único dia nas últimas três semanas foi registrado na
quarta-feira (5), com 196 internamentos. Além disso, tem sido visto um
crescimento da ocupação de leitos para pacientes com síndrome respiratória
aguda grave.
A taxa global de ocupação desses
leitos na rede pública de Pernambuco era de 79%, de um total de 1.701 vagas
disponíveis, na quinta (6).
Nesse mesmo dia, foram
confirmados 639 novos casos da Covid-19 e oito mortes, elevando o total para
647.427 confirmações de pessoas com a doença e 20.489 óbitos.
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