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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Depois das enchentes, Rio São Francisco testemunha o milagre dos peixes; Veja vídeo

Moradores de Pirapora, no Norte de Minas, se debruçam à beira do Rio São Francisco, na área urbana da cidade, para apreciar um espetáculo da natureza: a subida de uma grande quantidade de peixes em direção à cabeceira do rio para a reprodução. No fim de semana, a piracema, como é conhecido o fenômeno, favorecido pela enchente do rio, revelou o aumento dos cardumes no Velho Chico, comemorado pelos ambientalistas e pescadores. 

“É primeira vez, desde a grande mortandade de peixes ocorrida no rio em 2004 e 2005, que estamos vendo novamente aumentar os cardumes no Rio São Francisco. Isso é motivo de grande alegria para mim e todos os pescadores e moradores ribeirinhos”, afirma o ambientalista Roberto Mac Donald, idealizador e coordenador do projeto Amigos das Águas.

Ele conta que há 33 anos faz expedições de barcos e caiaques pelo Rio São Francisco, no trecho entre o reservatório da Usina Hidrelétrica de Três Marias e Pirapora. Dessa forma, a cada ano, documenta as condições ambientais da bacia , observando ainda questão da quantidade de peixes nas águas do Velho Chico. Também percorre o rio de caiaque constantemente, com 15 canoístas.

O ambientalista lembra que o Velho Chico tinha uma grande quantidade de peixes no passado, o que garantia o sustento de milhares de pescadores e movimentava o turismo e a economia da região. “Meu sogro tinha um frigorífico em Pirapora, que vendia cerca de 50 toneladas de pescados por mês. Ele abastecia muitos restaurantes. Mas há anos ele fechou o frigorífico porque não tinha mais peixes para vender”, relata Mac Donald.

Ele salienta que a grande mortandade de peixes no Velho Chico ocorrida nos anos de 2004 e 2005 provocou impactos negativos em Pirapora e em outros municípios banhados pelo Rio São Francisco. “Foi uma situação muito triste para todos os pescadores, ambientalistas, moradores e toda a cadeia produtiva do peixe”, registra Mac Donald, lembrando que, na ocasião, morreram milhares de peixes nas águas do Velho Chico, sobretudo da espécie surubi, a mais conhecida da bacia. O morador de Pirapora recorda que foram encontrados mortos exemplares de surubi no rio com peso de mais de 100 quilos.

Pirapora, salto do peixe

Com a enchente do Rio São Francisco, no período da piracema – que vai de 1º de novembro a 28 de fevereiro, quando a pesca é proibida na bacia –, os cardumes sobem o rio para reprodução e, ao passar pelas corredeiras do Velho Chico em Pirapora, as espécies dão saltos para fora d’água, tentando vencer os obstáculos das pedras e quedas d’água do leito. Assim, criam um bonito espetáculo da natureza. O fenômeno dos peixes ultrapassando os obstáculos das pedras nas corredeiras para a desova na cabeceira do rio está vinculado diretamente ao nome da cidade. Em tupi-guarani, Pirapora significa “salto do peixe”.

Vídeo:

 

Expectativa de fartura e de bons negócios

Mais que um espetáculo natural, a piracema é sinônimo de esperança de dias melhores, com muita fartura. O ambientalista Roberto Mac Donald afirma que no fenômeno dos peixes saltando as corredeiras do Rio São Francisco, em Pirapora, estão sendo vistas diversas espécies, como surubi, curimatã, dourado, matrichã e piau. Ele destaca que Pirapora vive a expectativa de voltar a contar com a fartura do peixe, o que deverá proporcionar melhoria do turismo e movimentar a economia regional, mantendo o sustento dos milhares de profissionais cadastrados na região.

“A nossa expectativa é que toda a cadeia produtiva será recuperada. O setor hoteleiro, as lanchonetes, os restaurantes, os bares, todos serão beneficiados. Até os postos de combustíveis poderão aumentar as vendas para abastecer os barcos dos pescadores”, acredita Mac Donald.

Ele disse ainda que Pirapora tem a esperança de que, com o “retorno” dos grandes cardumes ao Velho Chico, possa voltar a promover o Campeonato Brasileiro de Pesca Esportiva do Doutorado e do Surubi, que fez muito sucesso no passado. A competição teve como grande incentivador e divulgador o jornalista Oswaldo Wenceslau, que mantinha uma coluna de pesca no Estado de Minas.

Nos últimos dias, o volume do Rio São Francisco aumentou bastante devido às chuvas e à abertura das comportas da Usina Hidrelétrica de Três Marias (foto), conduzida pela Cemig, em janeiro. Sábado, a quantidade de água liberada do reservatório de Três Marias chegou a 3,017 mil metros cúbicos por segundo. Na mesma data, o reservatório atingiu 93,7% da sua capacidade.

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