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terça-feira, 4 de outubro de 2022

Bolsonaro x Lula: Quem tem mais palanques nos Estados para o segundo Turno?

O candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começa o segundo turno das eleições presidenciais com o apoio da maioria dos candidatos a governador que também permanecem na disputa em seus estados.

Dos 24 candidatos que disputam o segundo turno em 12 estados, dez apoiam o petista, nove estão com o presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros cinco ainda não indicaram qual posição devem adotar em 30 de outubro.

A polarização nacional entre Lula e Bolsonaro deve se replicar no segundo turno em quatro estados que somam 45 milhões de eleitores: São Paulo, Amazonas, Santa Catarina e Espírito Santo.

Em São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT) devem replicar a estratégia do primeiro turno de nacionalizar a disputa local e se ancorar em seus respectivos padrinhos políticos. Terceiro lugar na disputa, o governador Rodrigo Garcia (PSDB) deve ficar neutro.

Já em Santa Catarina, estado que deu 62,2% dos votos a Bolsonaro, o petista Décio Lima conseguiu chegar ao segundo turno e garante um palanque para Lula em um estado com forte viés conservador.

Dois estados terão um segundo turno com dois apoiadores de Jair Bolsonaro: Rondônia e Mato Grosso do Sul. Neste último, o presidente rompeu o acordo que tinha com o tucano Eduardo Riedel e, durante o debate na TV Globo na última quinta-feira (29), anunciou apoio a Capitão Contar (PRTB). Ambos disputam o segundo turno de olho no eleitorado de Bolsonaro, que teve 52,7% dos votos no estado

Por outro lado, em Sergipe, o senador Rogério Carvalho (PT) e o deputado federal Fábio Mitidieri (PSD) são apoiadores declarados de Lula e disputam o segundo turno no estado.

Cinco candidatos que chegaram ao segundo turno ficaram neutros ou apoiaram candidatos da terceira via no primeiro turno. Três deles são do PSDB e dois da União Brasil.

Quatro deles são de estados do Nordeste, região predominantemente lulista, o que torna remota a possibilidade de um apoio a Bolsonaro.

Disputando o segundo turno contra Jerônimo Rodrigues (PT) na Bahia, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto disse considerar prematuro falar sobre o segundo turno presidencial, mas indicou que deve persistir em um discurso de neutralidade.

"A gente tem uma linha que já foi apresentada no primeiro turno e que eu não vou, de maneira nenhuma, modificar. Vou mostrar aos baianos que estamos prontos para governar com o presidente que o Brasil escolher", disse.

Aliados de ACM Neto estimam que cerca de metade dos 3,3 milhões de votos que o político teve no primeiro turno na Bahia foram de eleitores de Lula, motivo que torna improvável um movimento em apoio a Bolsonaro.

Jerônimo Rodrigues, por sua vez, vai dobrar a aposta na polarização nacional e tentar ampliar a frente de votos de Lula no estado –o petista teve 69,7% dos votos no quarto maior colégio eleitoral do país.

Pedro Cunha Lima (PSDB), da Paraíba, e Rodrigo Cunha (União), de Alagoas, ainda não se pronunciaram sobre a eleição nacional.

Em Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB) está reclusa após a morte de seu marido, Fernando Lucena, no dia da eleição para o segundo turno. Sua adversária Marília Arraes (Solidariedade), contudo, indicou que vai nacionalizar a disputa: "O estado vai decidir entre um projeto alinhado ao presidente Lula e um bolsonarismo pintado com outras cores".

No Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) enfrenta o bolsonarista Onyx Lorenzoni (PL). Nesta segunda (3), o tucano declarou que rejeita "a régua estreita" da polarização, mas busca construir pontes com o deputado estadual Edgar Pretto (PT), terceiro colocado na disputa pelo governo gaúcho.

"Como governador, me reuni com o deputado Pretto em momentos-chave para a aprovação de projetos importantes sem que isso representasse, necessariamente, um apoio político. Mas é preciso haver disposição das duas partes para diálogo, senão é um monólogo", disse Leite.

APOIO ENTRE ELEITOS
Se Lula tem a maioria dos candidatos que concorrem no segundo turno, Bolsonaro prevalece entre os governadores já eleitos. O presidente tem o apoio de sete governadores que venceram no primeiro turno, enquanto Lula é aliado de cinco.

O apoio de governadores eleitos, no entanto, tende a ter menos tração para interferir na disputa nacional. Isso porque as estruturas de campanha e cabos eleitorais estarão desmobilizados.

Dois governadores reeleitos seguem indefinidos: Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, e Helder Barbalho (MDB), no Pará. Romeu Zema, de Minas Gerais, declarou seu apoio a Bolsonaro nesta terça-feira (4). Ele é filiado ao Partido Novo.

Os dois primeiros têm um histórico de proximidade com Bolsonaro e apoiaram o presidente no segundo turno nas eleições de 2018. Mas buscaram manter distância do presidente durante as eleições estaduais deste ano.

O governador reeleito Ronaldo Caiado, por sua vez, tem um histórico de proximidade com Bolsonaro, mas afastou durante a pandemia e passou a ser alvo de constantes críticas do presidente. Em seu estado, enfrentou críticas duras dos adversários bolsonaristas.

Questionado pela imprensa sobre quem vai apoiar no segundo turno, Caiado disse que seguirá a decisão que for adotada pela União Brasil, que ainda vai reunir a sua cúpula para deliberar sobre o assunto.

Helder Barbalho, reeleito no Pará com a maior votação proporcional do Brasil, é próximo a Lula e abriu o seu palanque para o petista no primeiro turno, mesmo mantendo o voto em Simone Tebet (MDB).

A expectativa no núcleo petista é que o governador anuncie apoio a Lula e tente ampliar a margem de votos do ex-presidente no estado, sobretudo no sul do Pará, região de viés bolsonarista com forte influência do garimpo e do agronegócio.

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