O presidente Michel Temer (PMDB) prepara
uma reforma ministerial a fim de desalojar da Esplanada partidos
que tenham “traído” o governo, trocando aqueles que tiveram deputados votando a
favor da autorização para que o STF julgue a denúncia contra o peemedebista por
representantes de bancadas com expressiva votação contra a acusação.
A intenção, segundo um dirigente partidário que participou
das conversas, é que a participação dos partidos no governo reflita os
resultados das votações na Comissão de Constituição
e Justiça (CCJ) e no plenário da Câmara.
Apesar da traição de partidos da base, o governo conseguiu
uma expressiva vitória ao rejeitar o parecer do deputado Sérgio
Zveiter (PMDB-RJ), que recomendava a autorização
para o Supremo
Tribunal Federal (STF) julgar a denúncia, por
40 votos a 25, com uma abstenção.
A promessa de maior espaço na Esplanada fez parte das
negociações das últimas semanas entre os partidos da base com interlocutores do
presidente. A iniciativa estimulou até as direções e lideranças partidárias a
fecharem questão, nos últimos dias, em favor da rejeição da denúncia.
Ao todo, quatro partidos — PMDB, PP, PSD e PR — adotaram essa
posição que, na prática, permite às legendas aplicarem sanções aos deputados
que contrariarem a orientação da legenda.
PP, com seis votos, PR e PSD, com cinco cada um, trocaram
integrantes da CCJ e votaram de forma unânime em favor de Temer. No PMDB,
partido de Temer, dos nove votos, sete foram a favor de Temer. Somente o
relator vencido, Zveiter, votou contra. O presidente da comissão, Rodrigo
Pacheco (MG), absteve-se de votar.
Os principais alvos das mudanças, segundo uma das fontes,
deve ser o PSDB e
o PSB.
Os tucanos têm quatro ministérios, dentre eles o Ministério
das Cidades — alvo de forte cobiça de parlamentares por ter
um grande orçamento em obras — e a Secretaria de Governo, pasta palaciana
responsável por fazer a articulação com os parlamentares. O partido liberou a
bancada para votar como quisesse. Dos sete votos na comissão, os deputados do
PSDB deram apenas dois a favor de Temer.
Cidades é hoje ocupada pelo deputado
Bruno Araújo, que chegou a pedir demissão quando surgiram as
denúncias contra Temer na delação dos executivos da JBS. A Secretaria de Governo tem
como titular Antonio
Imbassahy, sempre criticado pelo partido do presidente
justamente por não ser um peemedebista.
A interlocutores, Imabassahy confessou já se sentir
desconfortável por estar em um cargo que deveria ser de extrema confiança do
presidente mas seu partido estar ameaçando deixar a base há várias semanas.
Os socialistas, por sua vez, votaram rachados. Dos quatro
deputados da CCJ, dois votaram a favor e dois contra. A legenda ocupa
atualmente o Ministério
de Minas e Energia, uma das principais pastas da Esplanada.
“Não tem cabimento esses partidos ficarem com o espaço que
têm hoje no governo”, afirmou o dirigente partidário. “É uma consequência
óbvia, natural”, completou.
O PSB já havia, na prática, anunciado que sairia da base, mas
um racha no partido e a decisão do ministro Fernando
Bezerra Coelho de permanecer no cargo e apoiar o
presidente deixou a decisão em suspenso.
A reforma ministerial não será fechada agora, mas somente
após a votação da denúncia no plenário da Câmara, marcada na noite de
quinta-feira para o dia 2 de
agosto, na volta do recesso parlamentar.
O novo espaço de cada partido também só será definido após a
análise final da primeira denúncia. O governo espera a votação em plenário para
garantir a fidelidade do centrão antes de fazer as mudanças.
A avaliação no Planalto é que a estratégia deverá fazer com
que o governo tenha uma base aliada menor porém mais coesa no Congresso. O
governo sabe que, depois da sequência de denúncias, não conseguirá manter os
cerca de 400 deputados que tinha em sua base, mas as trocas poderão garantir
resultados consistentes. (Via: Reuters - Veja)
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