Assim que a delação da JBS veio a
público, em maio, a força irrefreável das provas contra o presidente Michel
Temer e o senador Aécio Neves, provas de crimes em andamento, assim como a
crise política que se instalou imediatamente, escamoteou o poder igualmente
destrutivo dos crimes pretéritos cometidos por executivos da JBS – e por
centenas, talvez milhares, de políticos.
As provas apresentadas foram largamente ignoradas. Como os delatores
haviam fechado o acordo poucas semanas antes, a empresa ainda não tinha
levantado tudo o que poderia e deveria, em termos de evidências para corroborar
os crimes descritos nos anexos da colaboração. Agora, a um mês do prazo
estipulado para entregar à Procuradoria-Geral da República todas as evidências
necessárias, os delatores e a JBS já dispõem de um novo e formidável conjunto
de documentos.
Nas últimas semanas, ÉPOCA teve acesso, com exclusividade, a esses papéis
inéditos – milhares deles. Investigou os principais casos ali presentes e
obteve informações, reservadamente, junto a alguns dos envolvidos nos episódios
mais relevantes dos crimes apontados nas delações. Há planilhões de propina que
perfazem quase dez anos de campanhas – da eleição municipal de 2006 à eleição
presidencial de 2014. Há comprovantes bancários. Há notas fiscais frias. Há
contratos fraudulentos. Há, ainda, depósitos em contas secretas no exterior.
Em comum, as evidências corroboram ou comprovam pagamentos ilícitos a
políticos, numa escala que, ao menos no Brasil, nem mesmo a Odebrecht atingiu.
De 2006 a 2017, a contabilidade da propina da JBS – e outras empresas dos
irmãos Batista – a políticos é espantosa: R$ 1,1 bilhão. Mais precisamente, R$
1.124.515.234,67. Desse volume extraordinário de pagamentos, R$ 301 mil
ocorreram em dinheiro vivo e R$ 395 mil por meio de empresas indicadas por
políticos. Houve, por fim, R$ 427,4 milhões em doações oficiais.
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