A luta política que assistimos
nesses dias não tem paralelo no passado recente. Os militantes pró e contra o
impeachment começam a se enfrentar nas ruas. Essa atitude tem ingredientes para
transformar-se em escalada de violência. As campanhas pelas Diretas Já e pelo
impeachment de Fernando Collor não viveram tais circunstâncias. Ambos eram,
praticamente, um consenso nacional. Nem os militares, naquela altura da
ditadura, nem Collor tinham poder de mobilização. Hoje, por mais que o PT e seu
principal dirigente, Lula, estejam na lama, ambos ainda têm algum poder de fogo.
No caso de um impeachment, a comparação que se
poder fazer é com o de Collor. Esse não tinha partido, não tinha militantes,
nem organizações sindicais e sociais dispostos a defendê-lo. A campanha pelo
impeachment da presidente Dilma ocorre em outro contexto. Independente do desfecho,
há sinais concretos que haverá enfrentamento. O PT, por mais fragilizado que
esteja, não vai se conformar em ser varrido do poder. Lula também não aceitará,
passivamente, sair desse processo como corrupto. Suas manifestações recentes
apontam nessa direção.O PSDB, e
demais partidos da oposição, também mostram essa disposição.
Entidades como a CUT e o MST, associadas a
outros movimentos sociais, devem entrar em campo. As organizações que tem
mobilizado as ruas pelo impeachment, também adotam uma atitude de
enfrentamento. A oposição está sendo empurrada. Seus dirigentes precisam
endurecer, temendo que percam espaço à direita, para personalidades como Jair
Bolsonaro e Ronaldo Caiado. Além disso, essa tendência pode facilmente ser
constatada pelos que acompanham ou tomam conhecimento da fúria que tomou conta
das redes sociais.
Políticos que presenciam a história desde os
anos 50, afirmam que só se pode comparar esses dias com o período que antecedeu
e precedeu o suicídio do Getúlio Vargas (1954). O pau quebrou. Na esteira desse
ambiente conflagrado, parcela importante dos defensores do impeachment rejeita
os partidos tradicionais. Ela tem resistido a ser engolida pela oposição e já
elegeu seu líder, o juiz Sérgio Moro. A corrupção, mais uma vez, move as forças
políticas. Mas essa história ainda será escrita e sempre haverá duas versões.
Vai valer a de quem ganhar. (Via: Ilimar Franco / O Globo)
Blog: O Povo com a Notícia
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