A marqueteira Mônica
Moura, delatora da Operação Lava Jato,
afirmou nesta segunda-feira em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) que
tratou pessoalmente com a ex-presidente Dilma Rousseff de
repasses para a campanha da petista por meio de caixa
dois. As revelações de Mônica, casada com o marqueteiro e
também delator João Santana, foram feitas em depoimento por videoconferência ao
ministro Herman Benjamin, relator do processo que pode levar à cassação da chapa
Dilma-Temer, reeleita em 2014.
De acordo
com Mônica, a reunião em que ela e Dilma trataram de caixa dois ocorreu por
volta de maio de 2014 no Palácio do Planalto, em Brasília. Na versão
apresentada pela publicitária, os contatos com o PMDB e
com o então candidato a vice, Michel Temer,
se resumiam a preparações para os programas de TV. Ao ministro Herman Benjamim,
ela disse que não conversou sobre valores não contabilizados com Temer.
Na
campanha de Dilma Rousseff à
reeleição, Mônica Moura afirmou que, na primeira conversa com Dilma, ficou
acertado que detalhes sobre pagamentos não contabilizados ficariam sob
responsabilidade do ex-ministro Guido Mantega, que atuaria como operador do
caixa paralelo de campanha.
Conforme
revelou VEJA, desde que começou a negociar uma delação premiada na Operação
Lava Jato, João Santana e Mônica Moura se dispuseram a comprovar que a
presidente cassada autorizou, ela mesma, as operações de caixa dois de sua
campanha.
As revelações jogam por terra uma versão mais amena de que Dilma
apenas sabia do que acontecia nos bastidores das finanças eleitorais. Segundo a
marqueteira afirmou ao ministro Herman Benjamin, a própria Dilma deu aval para
que o caixa clandestino funcionasse. Ao ministro do TSE, a delatora ainda garantiu que Dilma sabia dos pagamentos realizados no
exterior por meio de repasses da Odebrecht e afirmou que, numa das conversas,
demonstrou preocupação com a segurança e vulnerabilidade dos pagamentos
fora do Brasil.
Na última semana, João Santana já
havia detalhado ao juiz Sergio Moro a participação da Odebrecht como
financiadora ilegal de campanhas eleitorais e dito que o ex-ministro Antonio
Palocci indicou a empreiteira como uma espécie de caixa complementar da
campanha. Segundo Santana, restos a pagar do caixa dois da campanha de Dilma em
2010 foram quitados pela Odebrecht em 2011 por meio de repasses à offshore
Shellbill, na Suíça. Em 2011, foram pagos 10 milhões de dólares no exterior,
não só relativos à campanha de Dilma, mas também à do ex-presidente da
Venezuela Hugo Chávez, além de adiantamentos para as campanhas municipais de
Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo e de Patrus Ananias à prefeitura de
Belo Horizonte.
“Todos
[no PT] sabiam [do caixa dois]. Os tesoureiros, os coordenadores de campanha.
Era dito que os financiadores não querem fazer dessa maneira, ‘não temos como
fabricar dinheiro’, ‘existe uma cultura’, existe uma doutrina de senso comum
que o caixa dois existe dessa maneira”, relatou João Santana a Sergio Moro na
semana passada. (Via: Veja)
Blog: O Povo com a Notícia