O
juiz Sergio Moro, responsável pela Lava Jato em Curitiba, decidiu mudar a data
do depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, até então previsto
para o dia 3 de maio. Segundo a reportagem apurou, a mudança ocorrerá a pedido
da Polícia Federal. Moro deve adiar o depoimento de Lula para o dia 10 de maio.
A decisão de mudar a data do depoimento foi confirmada pelo próprio Moro à
cúpula da PF, em reunião em Curitiba, há algumas semanas.
A polícia argumentou
que precisaria de mais tempo para organizar a segurança no local e que o
feriado do dia do Trabalho, 1º de maio, dificultaria ainda mais a operação. O
PT e movimentos alinhados ao partido preparavam forte mobilização para apoiar o
ex-presidente. Caravanas estavam partindo de diversos pontos do país. O
processo em que Lula será ouvido é relacionado ao episódio do tríplex em
Guarujá, litoral de São Paulo, em que o ex-presidente é acusado de ter recebido
vantagens indevidas da empreiteira OAS.
A defesa de Léo Pinheiro, sócio
da empreiteira, entregou à Justiça Federal do Paraná documentos para tentar
comprovar as afirmações de que o ex-presidente foi beneficiado pela reforma do
apartamento. Em depoimento na semana passada a Moro, o empreiteiro disse que o
apartamento era de Lula. Entre os documentos entregues estão o registro de que
dois carros em nome do Instituto Lula passaram pelo sistema automático de
cobrança dos pedágios a caminho do Guarujá entre 2011 e 2013. Não há, no
entanto, documento que comprove que as viagens tiveram como destino o apartamento.
Há também registros de ligações
telefônicas entre Pinheiro e pessoas ligadas a Lula, como Clara Ant, Paulo
Okamotto, José de Filippi Jr. e Valdir Moraes da Silva (segurança), a partir de
2012. As listas trazem data e duração da conversa, mas não seu conteúdo. Foram
anexados ainda e-mails que mostram a agenda de Lula, na qual aparece a previsão
de encontros com Pinheiro, e mensagens da secretária do instituto para
Okamotto, que preside a entidade, avisando que o empresário havia ligado para
falar com ele.
DEFESA: O advogado do petista, Cristiano
Zanin Martins, afirmou que os documentos não comprovam as afirmações feitas
pelo empresário, que classificou como uma "versão negociada para
agradar" aos procuradores e destravar seu acordo de delação. Na última
quarta, a defesa de Lula apresentou documentos de recuperação judicial da OAS
em que a empresa afirma ser a proprietária do tríplex do Condomínio Solaris.
Segundo Zanin Martins, o material reforça a tese da defesa de que é
"impossível que o apartamento
seja propriedade de Lula". (Via: Folhapress)
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