Um terço dos 108 citados na lista do ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF) Edson Fachin, divulgada terça-feira, pelo menos dobrou o
patrimônio declarado oficialmente nos últimos 15 anos. Acusados de receber
propina ou dinheiro via caixa dois da Odebrecht, 36 políticos adicionaram a
seus bens apartamentos, carros, empresas e fazendas. Em alguns casos, o enriquecimento
entre as eleições passou de 1.000%. Aparecem na lista de quem mais ganhou
dinheiro três ministros do presidente Michel Temer, oito senadores e 18
deputados, incluindo os presidentes das duas Casas legislativas.
O GLOBO avaliou as declarações de bens de 91 dos 108 alvos de pedido de
abertura de inquérito no STF que disputaram mais de uma eleição a partir de
2002 e apresentaram para a Justiça Eleitoral estimativa de patrimônio. Dentro
desse período, foram comparadas as declarações feitas na primeira e na última
campanha de cada um deles. Antes de serem confrontados, todos os valores foram
atualizados pelo IPCA, índice oficial de inflação, até julho de 2016, data de
registro de candidatura na última eleição. Os outros 17 citados não concorreram
a nenhum cargo nesse período ou participaram de só um pleito. Para justificar a
evolução patrimonial acima de 100%, os políticos argumentam que receberam
heranças, doações de familiares e tiveram sucesso em suas atividades
profissionais ou na comercialização de imóveis.
Conforme matéria de O Globo, o ministro das Cidades, Bruno Araújo
(PSDB-PE), teve um aumento de 329,9% de seus bens entre os anos de 2006 e 2014,
já descontada a inflação. O patrimônio dele era de R$ 873,8 mil em 2006, na sua
primeira eleição para deputado federal. Passou para R$ 1 milhão quatro anos
depois ao disputar a reeleição. Mas a grande explosão aconteceu na eleição
seguinte, em 2014, quando Araújo declarou ter bens que, em valores atualizados,
somam R$ 3,8 milhões. Em quatro anos (de 2010 a 2014), ele conseguiu fazer seu
patrimônio crescer 256% em valores reais. Nesse período, adquiriu um
apartamento de frente para o mar em Recife, por R$ 1,5 milhão. Declarou também
que fez benfeitorias de R$ 304 mil no imóvel, além de ter R$ 900 mil no banco e
R$ 80 mil em espécie. O ministro disse que a variação é “compatível com as
informações prestadas à Receita Federal”.
O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB-RS), teve um aumento de
150% em seu patrimônio entre 2006 e 2010, anos em que disputou eleição para
deputado. A soma dos bens do titular da Casa Civil passou de R$ 1,6 milhão para
R$ 4 milhões em quatro anos. Antes, em 2002, Padilha havia declarado bens de R$
4,7 milhões. Em 2010, os principais bens de Padilha eram 50% de um apartamento
em Porto Alegre e os R$ 877 mil de crédito que tinha a receber de uma de suas
empresas. O ministro afirmou que “todos os acréscimos patrimoniais tiveram as
fontes correspondentes também declaradas à Receita Federal”.
COLLOR DECLARA 14 CARROS
Já o senador e ex-presidente Fernando Collor (PTC-AL) aumentou o seu
patrimônio ao adquirir carros. Tinha quatro em 2006 e declarou ter 14 em 2014,
entre eles uma Ferrari Scaglietti preta avaliada em R$ 556 mil. No geral, a
soma dos seus bens passou, em valores atualizados, de R$ 8,7 milhões em 2006
para R$ 24,2 milhões em 2014. Além dos carros, comprou uma casa de R$ 4 milhões
em Campos do Jordão (SP). Collor disse que a evolução tem origem principalmente
em recursos das suas empresas, herança, transações comerciais e imobiliárias.
Quando concorreu à Câmara em 2002, o hoje presidente da Casa, Rodrigo
Maia (DEM-RJ), declarou apenas um bem: um VW Golf. Já em 2014, afirmou possuir
um Toyota Corolla 2010 e três imóveis: dois apartamentos no Rio e uma sala
comercial que, segundo ele, haviam sido doados pela família em 2005. Seus bens
cresceram 873% (de R$ 90 mil para R$ 876 mil). O presidente da Câmara informou
que todas as transações foram declaradas à Receita.
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