O procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
afirmou nesta quarta-feira que ficou enjoado ao ouvir a gravação da conversa entre
o presidente Michel Temer e o empresário Joesley
Batista, da JBS. “Fiquei chocado e senti náusea”, contou em
entrevista à Globonews. “Foi minha reação física. Enjoado mesmo.”
Na gravação, que foi uma das bases da denúncia da PGR contra
o peemedebista por corrupção passiva, Joesley relata a Temer em um encontro sem
registro oficial no Palácio do Jaburu que “está bem” com o ex-deputado Eduardo
Cunha, preso na Lava Jato, e que cooptou um procurador que o investigava.
Questionado sobre as críticas à
denúncia, Janot defendeu a peça e lembrou que o ex-deputado Rodrigo Rocha
Loures, flagrado recebendo uma mala de 500 mil reais de um diretor da JBS, foi
indicado pelo próprio Temer a Joesley como seu intermediário. “Se isso é fraco,
não sei o que é forte.”
“Um empresário investigado tem uma conversa que ele grava com
um ex-deputado acertando a ida dele à residência do Presidente da República à
noite, sem testemunhas. Chega ao palácio, não é sequer identificado na porta e
tem uma conversa muito pouco republicana com o presidente”, disse Janot. “A
narrativa é fortíssima.”
O procurador-geral negou que o Ministério Público tenha
orientado Joesley a gravar a conversa com Temer. “Essa gravação foi feita
espontaneamente por aquele que seria o delator. [A PGR] Não combinou
absolutamente nada.”
Fatiamento: Janot também descartou qualquer motivação política na decisão
de dividir as denúncias contra Temer, o que renderia maior desgaste ao
peemedebista. Segundo o procurador-geral, as outras duas linhas de investigação
continuam abertas e “têm o seu tempo próprio”. “São três fatos distintos –
corrupção, obstrução e organização criminosa. As denúncias têm de correr
separadas.”
Raquel Dodge: Na entrevista, Janot minimizou sua rivalidade com Raquel
Dodge dentro do Ministério Público. A procuradora foi a escolhida por Temer
para assumir o comando da PGR a partir de setembro, com o fim do mandato de
Janot. Ela ainda precisa ser aprovada pelo Senado. “Minha forma de trabalho é
diferente da dela, mas somos todos Ministério Público”, afirmou. E desejou
sucesso à provável sucessora: “A responsabilidade será enorme. Ela vai ter
muito trabalho”.
Ameaças: O procurador-geral também revelou que ele e sua família já
sofreram ameaças. “Ando com sistema de proteção. Eu, minha mulher e minha
filha”, afirmou. “Não tenho medo. Trato profissionalmente.”
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